16/08/2016 20h46
- Brasília
André Richter - Repórter da Agência Brasil
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki,
determinou a abertura de inquérito para investigar a presidenta afastada
Dilma Rousseff e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva por suposta
obstrução das investigações da Operação Lava Jato. A investigação atende
a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot.
Também
serão investigados os ex-ministros José Eduardo Cardozo e Aloizio
Mercadante, o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ),
Francisco Falcão, o ministro do STJ Marcelo Navarro Ribeiro Dantas e o
ex-senador Delcídio do Amaral.
O pedido do procurador é baseado
na delação premiada feita pelo então senador Delcídio do Amaral. Em uma
das oitivas, o senador acusou a presidenta afastada Dilma Rousseff e o
ex-presidente Lula terem interesse em nomear, no ano passado, o ministro
do Superior Tribunal de Justiça (STJ) Marcelo Navarro Ribeiro Dantas
para barrar as investigações da Operação Lava Jato e libertar
empreiteiros presos.
Segundo o ex-senador, a suposta tentativa
contou com o apoio de José Eduardo Cardozo, que na época ocupava o cargo
de ministro da Justiça, responsável por indicar informalmente à
Presidência da República nomes de possíveis candidatos e do ex-ministro
Aloizio Mercadante.
Outro lado
Em nota, a
defesa de Lula afirmou que o ex-presidente jamais interferiu nas
investigações da Lava Jato. Os advogados também sustentaram que Lula não
se opõe a qualquer investigação, desde que o direito de defesa seja
respeitado.
"Se o Procurador-Geral da República pretende
investigar o ex-presidente pelo teor de conversas telefônicas
interceptadas, deveria, também, por isonomia, tomar providências em
relação à atuação do juiz da Lava Jato [Moro] que deu publicidade a
essas interceptações — já que a lei considera, em tese, criminosa essa
conduta", diz a defesa.
Dilma Rousseff declarou, por meio da assessoria, que não praticou nenhum ato para barrar as investigações da Lava Jato.
“A assessoria de imprensa da presidenta Dilma Rousseff afirma que a
abertura do inquérito é importante para elucidar os fatos e esclarecer
que em nenhum momento houve obstrução de Justiça. A verdade irá
prevalecer”, diz a nota.
Em nota, Mercadante negou que tenha
obstruído as investigações. “A decisão do Supremo Tribunal Federal de
abertura de inquérito será uma oportunidade para o ex-ministro, Aloizio
Mercadante, demonstrar que sua atitude foi de solidariedade e que não
houve qualquer tentativa de obstrução da justiça ou de impedimento da
delação do então senador Delcidio do Amaral”, diz a nota.
A Agência Brasil entrou em contato com os ministros do STJ, que informaram que não vão se manifestar hoje sobre a abertura da investigação.
Edição: Carolina Pimentel
Fonte: Agência Brasil
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