02/09/2016
Anil Gomes* vive em Bangladesh, onde
menos de 0,5% da população é cristã. Nasceu em uma família muçulmana,
como a maioria da população do país asiático. Levando em conta o aumento
da perseguição religiosa, ele resolveu divulgar seu testemunho pessoal
para encorajar os outros cristãos.
Formado em História, em 1994 foi viver
na Arábia Saudita, onde fazia estudos avançados sobre o Islã. Na capital
Riad, teve um encontro que mudou sua vida. Ele foi a um lugar onde eram
realizadas as execuções públicas. Um desconhecido se aproximou e lhe
entregou um folheto em árabe.
Era uma mensagem simples, que destacava a
passagem do Evangelho de João 3:16: “Porque Deus amou o mundo de tal
maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo o que nele crê não
pereça, mas tenha a vida eterna”.
O texto o impressionou profundamente.
“Eu nunca tinha visto nada parecido em qualquer livro islâmico”, lembra
Anil. “Naquele momento eu fiquei intrigado. Descobri que a passagem era
parte de um livro sagrado chamado Injeel Sharif (Novo Testamento), escrito muito antes do Alcorão”.
Alguns dias depois, “era cerca de três
horas da manhã quando vi um homem vestido de branco entrar no meu
quarto. Ele veio até mim dizendo: ‘Tome o caminho da Najat (Redenção) e
receba Isa (Jesus)’”. Em seguida, o homem, que ele crer ser um anjo,
desapareceu. “Eu fiquei tremendo de medo”, ressalta.
Anil sabia que não poderia compartilhar o
que aconteceu com ninguém, pois sofreria sérias consequências. Enquanto
se preparava para os exames de doutorado, teve a oportunidade de
visitar 16 países muçulmanos em uma viagem de estudos. Quando estava no
Iraque viu uma igreja. “Eu procurei o pastor e falei com ele. Ele me
batizou no dia 15 de maio de 1994.”
Após completar seus estudos, voltou para
Bangladesh, onde começou a trabalhar como professor de literatura árabe
em uma universidade islâmica. Porém, seu comportamento levantou
suspeitas entre seus colegas. “Eu não lia o Alcorão, então eles
começaram a suspeitar de mim. Um dia, alguém me viu lendo a Bíblia em
árabe, porque eu estava comparando o texto com a versão em bengali (sua
língua nativa).”
Seus colegas o denunciaram para o
vice-reitor que lhe perguntou se ele havia se convertido ao
cristianismo. Anil respondeu com a máxima sinceridade: “Sim, eu sou um
seguidor de Jesus”. Então, ouviu que um kaffir (descrente) não poderia
ensinar em universidades islâmicas, e foi demitido.
A história se espalhou e poucos dias
depois, Anil foi sequestrado por membros de um grupo islâmico radical.
“Eles queriam me matar. Cortaram as veias das pernas, me bateram em
vários lugares, na frente da minha família. Ainda tenho as cicatrizes
dos golpes”, disse.
Ele conta que desmaiou por causa da
perda de sangue. Acordou quatro dias depois, no Hospital Universitário
da capital Daca. Foi levado para lá por um tio. Ficou três meses e 21
dias internado. Quando voltou para casa, foi espancado novamente por
muçulmanos da mesquita local. Sua família não aceitava sua decisão de
abandonar o Islã. Ele foi deserdado. Já não conseguia ser aceito pela
comunidade local e perdia o emprego toda vez que descobriam que ele era
cristão.
Mesmo com muito estudo, ele tem passado
dificuldades financeiras e não consegue emprego. Casado e com um filho,
conta que seu sustento vem das palestras que dá em igrejas, mas este
trabalho não é em tempo integral.
A recente onda de assassinatos de
não-muçulmanos em Bangladesh, em especial de outros convertidos ao
cristianismo o faz temer pelo futuro. “Estou muito preocupado com o que
acontece com meu país”, afirmou. Ele pede oração pelos cristãos do seu
país, mas diz que, apesar das dificuldades, nunca abrirá mão de sua fé.
* Nome alterado por razões de segurança
Verdade Gospel.
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