Sumaia Villela – Correspondente da Agência Brasil
Uma rota internacional de tráfico de maconha, cocaína e armas de
uso restrito foi alvo da Operação Minotauro, da Polícia Federal (PF) em
Pernambuco, na manhã de hoje (31). Supostos líderes de organizações
criminosas do Paraná, Mato Grosso do Sul e Pernambuco foram detidos pela
corporação. Dois suspeitos estão foragidos.
As três organizações
investigadas são independentes, mas estavam ligadas por relações
comerciais, de acordo com a PF. Os grupos do Matro Grosso do Sul e do
Paraná seriam responsáveis por atravessar as encomendas feitas
previamente pela fronteira com o Paraguai. Já os investigados de
Pernambuco faziam os pedidos, recebiam as drogas e distribuíam no estado
e também para outras unidades da federação, como Paraíba e Rio Grande
do Norte.
“A droga é transportada pelo país em caminhões com
cargas lícitas. Eles preparam compartimentos falsos. Em uma abordagem
sem preparação de inteligência a polícia dificilmente consegue
interceptar”, detalhou Adriana Vasconcelos, delegada chefe da Operação
Minotauro.
Durante
as investigações, também surgiram informações superficiais sobre o uso
de métodos violentos para intimidar autoridades policiais e
concorrentes. “Vários contatos foram interceptados em que eles comentam
as práticas, tanto de tentativas graves de homicídio como frases
'Policial tem que morrer, bonde tem que ficar pesado'. Os comentários
são superficiais, não foi possível identificar os alvos, mas se percebe a
adoção da violência como prática dessas organizações”, revela
Vasconcelos.
Desde a madrugada de hoje, 130 policiais federais
cumpriram 12 mandados de prisão (10 preventivas e duas temporárias):
cinco no Paraná, três em Pernambuco, um no Mato Grosso do Sul, um na
Paraíba e dois na Bahia.
Outros 21 mandados de busca e apreensão
foram cumpridos em cinco estados: Pernambuco, Paraná, Mato Grosso do
Sul, São Paulo e Santa Catarina. Os mandados foram expedidos pela 13ª
Vara Federal. A Justiça também determinou o sequestro de bens e bloqueio
de contas bancárias. Foram apreendidas duas caminhonetes S-10, um Jeta,
um Land Rover, um Gol, uma Hilux, um Ônix e uma motocicleta Honda
Hornet CB600, que juntos somam aproximadamente R$ 500 mil.
Quatro
conduções coercitivas destinadas a pessoas supostamente relacionadas à
lavagem de dinheiro do comércio ilícito também constam na operação.
Entre os alvos de condução coercitiva estão titulares de contas
bancárias de pessoas físicas e jurídicas que faziam transações altas que
estariam ligadas ao tráfico. Pelo menos duas empresas são investigadas
por participar do esquema: uma de fomento e uma de transporte. Os
estabelecimentos estão localizados em Ribeirão Preto (SP), que seria
usado pela organização do Mato Grosso do Sul; e no Paraná, ligada ao
grupo do estado.
Cooperação interncional
O
superintendente da PF em Pernambuco, Marcello Diniz Cordeiro, adiantou
que todas as informações coletadas pela corporação serão compartilhadas
com os países de onde se suspeita que venham as substâncias, como o Peru
e o próprio Paraguai, também acionado por causa da passagem das drogas
por sua fronteira. “Há uma divisão de dados de inteligências para vários
países. O campo é grande, envolve várias agências internacionais”,
completa.
No Brasil, os suspeitos serão responsabilizados
criminalmente pela prática de associação e tráfico internacional de
drogas, lavagem de dinheiro e por constituir/integrar organização
criminosa, além da posse de armas de uso restrito, já que armamentos
foram apreendidos hoje – como uma AK-47 e uma pistola 9 mm.
Os
presos em Pernambuco serão encaminhados ao Centro de Observação e
Triagem Professor Everardo Luna (COTEL). Os investigados detidos em
outros estados serão interrogados na unidade da Polícia Federal
correspondente e depois alguns deles seguem transferidos para
Pernambuco.
Origem
As investigações
começaram em 2015, com a identificação de remessa de 1.257 quilos (kg)
de maconha de origem paraguaia, enviada a Pernambuco pela organização
estabelecida no Paraná. No curso das investigações foram apreendidas
aproximadamente quatro toneladas de maconha nos estados de Minas Gerais,
em setembro de 2015; Alagoas em novembro do mesmo ano; Pernambuco em
março de 2016 e no Paraná em maio deste ano.
A delegada que
chefiou a operação, Adriana Vasconcelos, explicou que apesar da
organização do Paraná trabalhar “intensamente” com o tráfico de cocaína e
crack, o principal produto enviado ao Nordeste era maconha. “A gente
atribui a isso as carcaterísticas do mercado local. Pernambuco, Paraíba,
Rio Grande do Norte, a demanda maior é pela maconha. A cocaína que
chega aqui em Pernambuco é destinada, em grande parte, ao mercado
internacional, que sai em direção à Europa”.
A apreensão de cocaína no curso da investigação foi de 20 quilos, no total.
Edição: Denise Griesinger
Fonte: Agência Brasil
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