16/12/2016 20h15
São Paulo
Elaine Patricia Cruz – Repórter da Agência Brasil
Durou pouco mais de uma hora e meia o depoimento
do pastor Silas Malafaia, da igreja Assembleia de Deus Vitória em
Cristo, hoje (16) à Polícia Federal, em São Paulo. Malafaia foi levado
coercitivamente para depor, durante a Operação Timóteo, deflagrada pela
Polícia Federal, que investiga irregularidades em cobranças de royalties da exploração mineral.
O
pastor chegou à sede da Superintendência da Polícia Federal por volta
das 16h e deixou o local pouco antes das 18h. Ele parou para falar com
jornalistas no momentos da chegada e no da saída.
Saiba Mais
Ao
deixar a superintendência, ele disse ter esclarecido ao delegado da
Polícia Federal que não praticou irregularidades. O pastor confirmou ter
recebido um cheque no valor de R$ 100 mil em sua conta pessoal. Mas
informou que esse cheque foi recebido por meio de uma oferta pessoal por
ter orado para um empresário e que, só agora, soube que o doador está
envolvido em irregularidades e é investigado na operação. Malafaia disse
que conheceu o empresário por meio de seu amigo e também pastor Michael
Abud.
“Foi tudo esclarecido. O delegado, muito competente,
perguntou tudo o que tinha direito. Eu respondi tudo”, relatou Malafaia.
“Sou suspeito de usar contas da minha instituição? Lembrei-me de ter
recebido a visita de um amigo meu, de 20 anos, que levou um membro dele
[o empresário] para fazer uma oferta e eu vou desconfiar que o cara está
envolvido? Nem ele, o pastor Michael Abud, sabe do envolvimento desse
cara, tenho certeza”. Segundo Silas Malafaia, é muito difícil para as
organizações e entidades religiosas saberem se a origem do dinheiro de
doações é ilegal.
Malafaia disse que vai esperar o final das
investigações para analisar o que fará sobre o fato de ter sido alvo da
operação. “Vou até o final, porque quem é amanhã que vai me dar toda
essa mídia se encerrar [a investigação] e vocês falarem: 'olha, pastor,
encerraram e não tem nada contra o senhor'? Eu vivo de conceito da
opinião pública. Vivo disso. Recebo ofertas de milhares e centenas de
milhares das pessoas. E quem é que vai recuperar isso? Quem é que vai
recuperar o dano que está me causando e quem vai recuperar a minha
honra?”
Indagado por jornalistas se não seria, então, o caso de
devolver o dinheiro, de fonte ilegal, que foi depositado em sua conta,
Malafaia respondeu: “Se, de fato, é um dinheiro ilícito, é claro que eu
devolveria. Não preciso de roubo”. No entanto, ele acrescentou que não
teria como devolver um dinheiro, fruto de doação, se ele não sabe a
origem do dinheiro. “Vou devolver o que, se recebi uma oferta? Ninguém
devolve oferta. Você recebe as ofertas e não sabe quem é o cara que dá.
Se a Justiça mandar eu devolver um valor, eu vou devolver”, disse.
Exaltado,
o pastor reclamou de ter sido conduzido coercitivamente para depor
hoje. “Aonde vai o Estado Democrático de Direito? Nem na ditadura
fizeram isso contra um cidadão. Estou indignado, sou um cidadão. Quer
dizer que jogam o nome da pessoa na lama?”, criticou.
Edição: Juliana Andrade
Fonte: Agência Brasil
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