24/12/2016 16h25
Rio de Janeiro
Vladimir Platonow - Repórter da Agência Brasil
A tradicional festa de Natal em uma das comunidades mais pobres
do Rio, a favela Mandela 2, na zona norte, este ano poderá não
acontecer. O motivo, segundo o presidente da associação de moradores,
Francisco de Assis, é a proibição por parte da comandante da Unidade de
Polícia Pacificadora (UPP) local, major Paula Andressa das Chagas
Frugoni, de que haveria necessidade de pedir autorizações ao Corpo de
Bombeiros e também a 21ª Delegacia de Polícia.
Francisco
argumentou que a UPP foi comunicada da festa há 15 dias e somente na
quinta-feira (22) se posicionou sobre o pedido tornando praticamente
impossível conseguir as demais autorizações, porque as repartições
estavam em ritmo de recesso natalino. Ele lamentou a proibição da festa,
que é feita ao ar livre com a participação de centenas de pessoas,
instalação de pula-pula, distribuição de brinquedos e refrigerantes para
as crianças.
“A major não liberou, e a maioria das comunidades
vai ter eventos, só nós é que não. Fica chato. Ela alegou que tem de
seguir um decreto, pedir autorização da 21ª DP, da prefeitura, do
batalhão e dos bombeiros. Só que ela falou com a gente na quinta-feira
(22), quando nós fomos lá falar do projeto. Como é que a gente vai fazer
isso na quinta-feira, sabendo que a maioria dos órgãos está com os
expedientes praticamente encerrados, devido ao Natal?”, questionou
Francisco.
O presidente da Mandela 2, disse que na comunidade do
Arará, também subordinada à mesma UPP, a festa natalina foi igualmente
proibida, o que está gerando revolta nos moradores e nos demais líderes
comunitários da região.
“Todos anos a gente faz a festa. É na
rua, como se fosse um baile, a gente comemora. Os moradores vêm para cá,
com os seus parentes. Aí como é que faz? Neste ano a nossa comunidade
ficou tranquila, justamente por não ter problemas, sem tiroteios, nem
tumultos. Ficamos certinhos para ter o evento. Não tinha necessidade de
fazer isso. Nós estamos indignados”, desabafou Francisco, que é muito
conhecido na região, fazendo o papel de Papai Noel nas creches da
comunidade, durante o período de Natal.
Para o presidente da
associação, está faltando um pouco de sensibilidade da major ao deixar
centenas de pessoas sem a tradicional festa de Natal da comunidade: “Eu
falei a ela que era preciso um pouco de bom senso, até porque nós
trabalhamos juntos pela comunidade”.
A assessoria de imprensa das
UPPs foi procurada e se posicionou em nota sobre a proibição da festa:
“As normas para a realização de eventos em espaços públicos estão
estipuladas na resolução da Secretaria de Segurança que regulamenta o
tema (Resolução nº 013 da Seseg e Resolução conjunta Seseg/Sedec nº 134)
e, segundo a comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP)
Arará/Mandela, o evento não atendeu algumas exigências”.
Edição: Valéria Aguiar
Fonte: Agência Brasil
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