14/12/2016 21h02
- São Paulo
Bruno Bocchini e Camila Boehm - Repórteres da Agência Brasil
O velório do cardeal dom Paulo Evaristo Arns, morto no final da
manhã de hoje (14), começou por volta das 20h na Catedral Metropolitana
de São Paulo, na Sé, região central da cidade. Em procissão solene, o
corpo de Arns foi recebido sob aplausos na catedral, onde uma missa de
corpo presente, celebrada pelo arcebispo de São Paulo, Dom Odilo
Scherer, teve início às 20h20.
O
velório de dom Paulo se estenderá até aproximadamente às 15h de
sexta-feira (16), quando seu corpo será sepultado na cripta da catedral.
Durante o período do funeral, serão feitas missas a cada duas horas.
Dom Paulo tinha 95 anos de idade, 71 de sacerdócio e 76 de vida
franciscana. Ele era cardeal desde 1973 e foi arcebispo metropolitano de
São Paulo entre 1970 e 1998.
“Somos responsáveis pelo legado de
dom Paulo. E, nesse momento, o silêncio de dom Paulo é eloquente no
Brasil que se desmancha, que é corroído pela corrupção, pela violência e
por tantas coisas. O legado de dom Paulo deveria de ser nesse momento
um chamamento à humanização da vida, à superação de todos os desafios
que nós estamos vivendo”, disse o padre Júlio Lancelotti, da Pastoral do
Povo de Rua.
Lancelotti lembrou ainda que Dom Evaristo sempre
esteve ao lado dos trabalhadores e dos moradores de rua. “Sem dúvida,
neste momento, dom Paulo estará ao lado dos trabalhadores, dos
aposentados, dos moradores de rua, das crianças abandonadas, das pessoas
sem condições de vida e de saúde. Dom Paulo é um legado de um Brasil
que seja humano”.
O ex-secretário de Estado de Direitos Humanos,
no governo Fernando Henrique Cardoso, e um dos membros da Comissão
Nacional da Verdade, Paulo Sérgio Pinheiro, destacou que o dom Evaristo
foi fundamental para a consolidação dos direitos humanos no Brasil.
“Acho que ele foi um personagem chave que permitiu que se progredisse em
uma política de estado de direitos humanos, desde o presidente Sarney
até a presidenta Dilma”, disse.
No entanto, segundo Pinheiro, seu
legado não tem sido preservado. “O primeiro ato desse governo foi o
desmantelamento de tudo que se construiu na esteira do pensamento de dom
Paulo: o Ministério dos Direitos Humanos, a Secretaria da Igualdade
Racial, a Secretaria dos Direitos das Mulheres e todos os conselhos”,
disse.
Edição: Fábio Massalli
Fonte: Agência Brasil
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