14/01/2017 18h38
- Atualizado em
14/01/2017 20h16
Rebelião foi confirmada pelo coordenador da administração penitenciária.
Segundo a PM, houve invasão de presos entre pavilhões de Alcaçuz.
Presos se rebelaram na tarde deste sábado (14), em Alcaçuz (Foto: Divulgação/PM)
Os presos da Penitenciária Estadual de Alcaçuz, na Grande Natal, se
rebelaram na tarde deste sábado (14). Segundo o coordenador da
administração penitenciária, Zemilton Silva, a rebelião é "de grandes
proporções". Ele confirma mortes de detentos, mas ainda não sabe
precisar quantas.
O major Eduardo Franco, da comunicação da Polícia Militar do Rio Grande
do Norte, disse que o motim começou por volta das 16h30 (de Natal) e
houve invasão de presos do pavilhão 1 no pavilhão 5, onde estão internos
de uma facção criminosa rival. Ainda não há confirmação de fuga.
Alcaçuz é o maior presídio do estado.
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Zemilton Silva disse ainda não saber se os presos dos outros pavilhões
também se rebelaram. O chamado pavilhão 5 é o presídio Rogério Coutinho
Madruga, que fica anexo à Alcaçuz, em Nísia Floresta. Há separação entre
presos de facções criminosas entre esses dois presídios. A
penitenciária de Alcaçuz tem cerca de 1150 presos e capacidade para 620
detentos, segundo a Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc).
Preso estão soltos e houve invasão de pavilhão, segundo a PM (Foto: Divulgação/PM)
A repórter Michelle Rincon, da Inter TV Cabugi, está na área externa de Alcaçuz. Ela informa que há fumaça na parte interna, barulhos de tiros e de quebra-quebra no local.
Em contato com o G1, o secretário da Sejuc, Wallber
Virgolino, disse que a determinação é retomar o controle. “A ordem já
foi dada: retomar o controle de Alcaçuz e evitar rebeliões em outras
unidades”, afirmou. Para isso, Virgolino acrescentou que também mandou
chamar todos os agentes penitenciários que estão de folga. “Quero a
nossa capacidade máxima atuando”, destacou. O estado possui cerca de 800
agentes penitenciários.
A Polícia Militar informou também que os Batalhões de Choque (BPChoque)
e de Operações Policiais Especiais (Bope) foram acionados e já entraram
na penitenciária, assim como o Grupo de Operações Especiais (GOE) –
unidade de elite da Sejuc.
A última rebelião em Alcaçuz foi registrada em novembro de 2015.
No dia daquele mês, houve quebra-quebra após a descoberta de um túnel
escavado a partir do pavilhão 2. “Assim que acabou a visita social, por
volta das 15h, os presos se amotinaram”, disse o secretário de Justiça
da época, Cristiano Feitosa.
No ano passado, foram registradas 14 fugas de Alcaçuz.
Mais de 100 presos conseguiram escapar do presídio. A maioria deixou o
presídio por meio de túneis escavados a partir dos pavilhões ou por
buracos abertos no pé do muro, sempre sob uma guarita desativada ou sem
vigilância.
Presos estão nos telhados da penitenciária de Alcaçuz (Foto: Reprodução/Inter TV Cabugi)
O Sindicato dos Policiais Civis do RN emitiu nota na noite deste sábado
pedindo a todos os policiais que fiquem em alerta para uma possível
onda de ataques por parte de bandidos. "Isso porque existem informações
vinda de presídios dando conta de um salve geral dos presos no Rio
Grande do Norte e em outros estados. Inclusive, a penitenciária de
Alcaçuz já está com os presos rebelados e outras unidades estão em
tensão. Pedimos que os colegas fiquem com atenção redobrada, estando de
serviço ou de folga", afirma Paulo César de Macedo, presidente do
Sinpol.
Na segunda-feira (9), o Ministério da Justiça prorrogou por mais 60
dias a presença da Força Nacional no Rio Grande do Norte. Os policiais
enviados pelo governo federal estão atuando no patrulhamento das ruas e
podem atuar na segurança do perímetro externo das unidades prisionais
localizadas na Grande Natal. A Força Nacional chegou ao estado em março de 2015 durante a série de motins iniciada no sistema prisional do estado.
A
prorrogação foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) desta
segunda-feira (9). O prazo de apoio da Força Nacional de Segurança
Pública ao Rio Grande do Norte ainda poderá ser prorrogado caso haja
necessidade.
Calamidade Pública
O
sistema penitenciário potiguar entrou em calamidade pública em março de
2015, logo após uma série de rebeliões em várias unidades prisionais.
Na ocasião, o governo pediu ajuda à Força Nacional. Para a recuperação
de 14 presídios (todos depredados durante os motins), foram gastos mais
de R$ 7 milhões. Tudo em vão. As melhorias feitas foram novamente
destruídas. Atualmente, em várias unidades, as celas não possuem grades e
os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.
Déficit carcerário
Segundo a Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), órgão responsável pelo sistema prisional do estado, o Rio Grande do Norte
possui 33 unidades prisionais. Juntas, elas oferecem 3,5 mil vagas para
uma população carcerária de 8 mil presos, ou seja, déficit de 4,5 mil
vagas.
Acre e Amazonas
Na quinta-feira (12), presos apontados pelos setores de inteligência do Acre e do Amazonas como líderes de facções criminosas chegaram à penitenciária federal de Mossoró, na regiõe Oeste do Rio Grande do Norte.
Ao todo, foram 19 detentos que foram trazidos em uma operação especial
para o presídio potiguar - 14 do Acre e 5 do Amazonas. A ação para
entrega dos presos só foi concluída na madrugada da sexta-feira (13).
Fonte: G1 RN
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