15/01/2017 12h20
- Atualizado em
15/01/2017 12h25
Presos se renderam após 14h de rebelião na penitenciária.
Governo não confirma número de mortos, mas diz que há mais de 10.
Secretários Wallber Virgolino e Caio Bezerra participaram de coletiva em Natal (Foto: Elias Medeiros/G1)
O Governo do Rio Grande do Norte identificou pelo menos seis líderes da
rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz que durou cerca de 14h e
deixou mortos. De acordo com a Secretaria de Justiça e Cidadania
(Sejuc), o governo vai pedir a transferências dos líderes para presídios
federais. Outros detentos devem ser transferidos ainda neste domingo
(15) para outras unidades prisionais do estado.
O Itep montou uma 'operação de guerra' para receber os corpos.
Uma carreta frigorífica foi contratada para armazenar os corpos e
legistas do Ceará e da Paraíba vão auxiliar no processo de
identificação. De acordo com o Itep, o órgão está preparado para receber
100 ou mais corpos, se for o caso. No entanto, uma fonte do governo
informou que até a publicação desta matéria pelo menos 25 mortes foram
confirmadas. Oficialmente, o governo do RN diz que há 'mais de dez
mortos'.
O titular da Sejuc, Walber Virgolino, informou confirmou que os presos
do pavilhão 5 invadiram o pavilhão. "É impossível evitar mortes quando
eles querem. O pavilhão 4 tinha entre 150 e 200 presos. Não sabe
precisar quantos morreram", disse. Até a publicação desta matéria, a
polícia já havia entrado nos pavilhões 1, 2 e 3 e se preparava para
entrar nos pavilhões 4 e 5 onde a situação já estava controlada.
Segundo ele, um trabalho de contenção realizado por agentes
penitenciários com o uso de bombas de efeito moral evitou a entrada dos
rebelados no pavilhão 1. "Em termos de número de mortes essa é a maior
rebelião da história do Rio Grande do Norte", disse.
A Penitenciária de Alcaçuz, segundo o governo, ficou parcialmente destruída e não há previsão para reconstrução.
A rebelião na Penitenciária Estadual de Alcaçuz acabou após 14h20.
Os detentos, que se rebelaram às 17h deste sábado (14) (horário local,
18h em Brasília), se renderam às 7h20 deste domingo (15) após a Tropa de
Choque da Polícia Militar entrar nos pavilhões. Segundo a Secretaria de
Segurança, não houve troca de tiros.
A rebelião começou com uma briga entre presos dos pavilhões 4 e 5.
Segundo o governo, a briga estava restrita aos dois pavilhões. O
pavilhão 5 é o presídio Rogério Coutinho Madruga, que fica anexo a
Alcaçuz. Há separação entre presos de facções criminosas entre os dois
presídios.
Um helicóptero da PM auxiliou na operação, que envolve Choque, Bope e
GOE (Grupo de Operações Especiais). Às 6h20, era possível ver fumaça
negra nos pavilhões e ouvir bombas de efeito moral do lado de fora da
penitenciária.
Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande Natal,
e é o maior presídio do estado. A penitenciária possui capacidade para
620 detentos, mas abriga cerca de 1.150 presos, segundo a Sejuc, órgão
responsável pelo sistema prisional do RN.
Enquanto os veículos entravam no complexo penitenciário, pessoas que
estavam na porta aplaudiam e vaiavam os policiais. Há familiares de
detentos, que ontem à noite tentaram furar o bloqueio policial, sem
sucesso. Eles dizem que presos que não estão envolvidos na rixa entre as
facções estão pedindo socorro. Com panos brancos, eles acenaram e
pediram paz.
Durante a madrugada, o tenente-coronel Marcos Vinícius, que comanda o Bope, disse ao G1,
por volta das 2h, que não houve negociação entre PM e presos. A
madrugada foi tranquila, sem tiros nem tumultos aparentes. O complexo
ficou sem energia elétrica desde a noite de ontem. Muitos tiros foram
ouvidos e era possível ver muita fumaça do lado de fora do presídio
ontem.
Ontem à noite, o secretário estadual de Justiça e Cidadania (Sejuc),
Wallber Virgolino, afirmou que a determinação era retomar o controle do
presídio. "A ordem já foi dada: retomar o controle de Alcaçuz e evitar
rebeliões em outras unidades", afirmou Virgolino, que diz ter chamado
todos os agentes penitenciários que estavam de folga. O estado possui
cerca de 800 agentes penitenciários.
Blindado
da Tropa de Choque da PM do Rio Grande do Norte entra na penitenciária
estadual de Alcaçuz, na Grande Natal (Foto: Fred Carvalho/G1)
Presos
amanhecem no telhado da penitenciária, de Alcaçuz, a maior do Rio
Grande do Norte, em rebelião. Quando a Tropa de Choque entrou no
presídio, eles já estavam fora dos telhados (Foto: Fred Carvalho/G1)
Familiares de detentos aguardam em frente à penitenciária de Alcaçuz (Foto: Anderson Barbosa/G1)
O motim
A rebelião começou por volta das 17h de sábado (horário local, 18h em
Brasília. Segundo a presidente do Sindicato dos Agentes Penitenciários,
Vilma Batista, homens em um carro se aproximaram do presídio antes da
rebelião e jogaram armas por sobre o muro.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed)
diz em nota que as mortes são "resultado de uma briga entre facções
rivais". Já o governo do estado afirma que "'estão sendo levantadas
informações acerca do envolvimento de facções criminosas".
saiba mais
AuxílioEm entrevista ao Jornal Nacional, o ministro da Justiça, Alexandre de Moraes, disse que o combate ao crime organizado dentro dos presídios será intensificado. Sobre a rebelião, o ministro afirma estar "aguardando, eventualmente, o pedido de algum auxílio". "Obviamente, em havendo esse pedido, o auxílio será imediato”, afirmou Moraes.
"O sistema está superlotado há muito tempo. Eu costumo repetir que não
há passo de mágica pra solucionar um problema crônico no Brasil. É um
problema que, governo após governo, vem se ampliando", afirmou. "Nós
temos aproximadamente, hoje, 650 mil presos. Com um deficit de quase 300
mil vagas. Obviamente, isso acaba tornando o sistema um barril de
pólvora".
O governador do Estado, Robinson Faria, afimou ter entrado em contato
com o ministro, para que o governo federal acompanhe a situação do
Estado.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública e da Defesa Social (Sesed)
emitiu nota afirmando ter montado um Gabinete de Gestão Integrada (GGI)
para executar as ações a serem empregadas na rebelião do presídio de
Alcaçuz.
"Já estão no local o Batalhão de Operações Especiais (Bope), o Batalhão
de Choque e a Força Nacional para evitar mais confrontos e controlar a
situação. Há registro de mortes resultado de uma briga entre facções
rivais", afirmou a secretaria.
Rebeliões e fugas
A última rebelião em Alcaçuz foi registrada em novembro de 2015.
Houve quebra-quebra após a descoberta de um túnel escavado a partir do
pavilhão 2. “Assim que acabou a visita social, por volta das 15h, os
presos se amotinaram”, disse o secretário de Justiça da época, Cristiano
Feitosa.
Mais de 100 presos conseguiram escapar do presídio no ano passado,
em 14 fugas. A maioria deixou o presídio por meio de túneis escavados a
partir dos pavilhões ou por buracos abertos no pé do muro, sempre sob
uma guarita desativada ou sem vigilância.
Força Nacional
Na segunda-feira (9), o Ministério da Justiça prorrogou por mais 60
dias a presença da Força Nacional de Segurança no Rio Grande do Norte.
Os policiais enviados pelo governo federal estão atuando no
patrulhamento das ruas e podem atuar na segurança do perímetro externo
das unidades prisionais localizadas na Grande Natal.
A Força Nacional chegou ao estado em março de 2015, durante a série de motins no sistema prisional do estado, e o prazo de apoio poderá ser novamente prorrogado, caso haja necessidade.
O sistema penitenciário potiguar entrou em calamidade pública no mesmo mês, em março de 2015.
Na ocasião, foram gastos mais de R$ 7 milhões para recuperar 14
presídios depredados durante motins, mas as melhorias foram novamente
destruídas. Atualmente, em várias unidades as celas não possuem grades e
os presos circulam livremente dentro dos pavilhões.
Segundo a Secretaria de Justiça e da Cidadania (Sejuc), órgão responsável pelo sistema prisional do estado, o Rio Grande do Norte
possui 33 unidades prisionais, que oferecem 3,5 mil vagas, mas a
população carcerária é de 8 mil presos - ou seja, o déficit é de 4,5 mil
vagas.
Acre e AmazonasNa quinta-feira (12), presos apontados pelos setores de inteligência do Acre e do Amazonas como líderes de facções criminosas chegaram à penitenciária federal de Mossoró, na região oeste do Rio Grande do Norte. Ao todo, foram 19 detentos que foram trazidos em uma operação especial para o presídio potiguar - 14 do Acre e 5 do Amazonas.
Fonte: G1 RN
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