13/01/2017 11h52
Brasília
Alex Rodrigues – Repórter da Agência Brasil
A Polícia Federal (PF) deflagrou hoje (13) a Operação Cui Bono
para investigar suposto esquema de fraude na liberação de créditos da
Caixa Econômica Federal no período entre 2011 e 2013. Sete mandados de
busca e apreensão estão sendo cumpridos em São Paulo, no Distrito
Federal, na Bahia e no Paraná.
Segundo a PF, o suposto esquema
contava com a participação, no período, do então vice-presidente de
Pessoa Jurídica da Caixa Econômica Federal, do vice-presidente de Gestão
de Ativos do banco e de um servidor da instituição cujo cargo não foi
divulgado, além de empresários e dirigentes de empresas dos ramos de
frigoríficos, de concessionárias de administração de rodovias, de
empreendimentos imobiliários e de um operador do mercado financeiro.
Entre
março de 2011 e dezembro de 2013, a vice-presidência de Pessoa Jurídica
da instituição era ocupada pelo político Geddel Vieira Lima (PMDB).
Ministro da Integração Nacional entre 2007 e 2010, no segundo governo
Lula, Geddel voltou ao governo em maio de 2016 como ministro-chefe da
Secretaria de Governo na gestão do presidente Michel Temer.
O político deixou o cargo em novembro do ano passado, por suspeita de ter atuado para beneficiar uma construtora na Bahia. A acusação
motivou a Comissão de Ética Pública da Presidência da República a abrir
procedimento para apurar a conduta ética do ex-ministro.
A investigação da Operação Cui Bono –
expressão latina que em português significa “a quem beneficia?” – é um
desdobramento da Operação Catilinárias, deflagrada em dezembro de 2015,
no âmbito da Operação Lava Jato, quando policiais federais encontraram
um telefone celular na residência do então presidente da Câmara dos
Deputados, o ex-deputado federal Eduardo Cunha (PMDB-RJ), que revelou
intensa troca de mensagens eletrônicas entre Cunha e Geddel. A operação
tinha a finalidade de evitar que provas importantes fossem destruídas
por investigados da Lava Jato.
Eleito presidente da Câmara em
fevereiro de 2015, Cunha tornou-se alvo de denúncias, entre elas o
envolvimento em negócios ilícitos de empresas privadas com a Petrobras e
a manutenção de contas secretas no exterior. Afastado da presidência da
Câmara, Cunha teve o mandato cassado em setembro do ano passado por ter
mentido na CPI da Petrobras sobre a titularidade das contas. Cunha está
preso em Curitiba desde o dia 19 de outubro, no âmbito da Operação Lava
Jato.
De acordo com a Polícia Federal, as mensagens encontradas
no celular apreendido na casa de Cunha indicam que os investigados
recebiam vantagem para liberar créditos da Caixa Econômica para grandes
empresas, o que pode indicar a prática dos crimes de corrupção, formação
de quadrilha e lavagem de dinheiro. Como alguns dos suspeitos gozavam
de foro privilegiado, a investigação foi inicialmente conduzida pelo
Supremo Tribunal Federal. Depois de os principais suspeitos se afastarem
dos cargos e funções públicas, a Corte encaminhou o inquérito à Justiça
Federal no Distrito Federal.
Procurada, a assessoria do PMDB
informou que Geddel ainda não se pronunciou. A reportagem ainda não
conseguiu contato com o ex-ministro e com os advogados de Eduardo Cunha.
Em
nota, a Caixa informou que o banco está em contato permanente com as
autoridades, prestando irrestrita colaboração com as investigações,
procedimento que continuará sendo adotado pela instituição.
Edição: Maria Claudia
Fonte: Agência Brasil
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