13/02/2017
Em 2017, já foram registrados 14 assaltos no transporte coletivo da cidade.
Câmeras de monitoramento instaladas nos veículos não intimidam criminosos.
Trabalhadores do transporte coletivo de Pelotas,
no Sul do Rio Grande do Sul, convivem com o medo. Em 2017, já foram
registrados 14 assaltos a ônibus na cidade. As câmeras de monitoramento
instaladas nos veículos não intimidam os criminosos, como mostra a
reportagem exibida nesta segunda-feira (13) no Bom Dia Rio Grande.
“Sai de manhã, te despede da mulher e dos teus filhos. Aí tu reza a
Deus que tu volte para casa bem, salvo, para ter a tua família de volta.
Ttu não sabe se tu vai voltar”, desabafa um cobrador, que prefere não
ser identificado. Ele conta que, em 21 anos de profissão, sofreu 23
assaltos.
“O cara me deu três coronhadas e ainda me chamou de vagabundo porque
eles não gostam que olhe pra cara deles. Na hora tu reage bem, até. Aí
passa meia hora, passa aquele filme na cabeça tu começa a pensar ‘bah,
eu podia ter morrido’”, relata outro cobrador.
Câmeras não intimidam assaltantes em Pelotas
(Foto: Reprodução/RBS TV)
Dados da Polícia Civil apontam que, em 2016, ocorreram 127 roubos no
transporte coletivo de Pelotas. Porém, o sindicato dos trabalhadores em
transporte rodoviário recebeu um número maior de denúncias: 238. Segundo
a entidade, muitas vítimas não registram os crimes na delegacia.
No ano passado, os ônibus da cidade ganharam câmeras de
videomonitoramento para tentar frear o número de assaltos. Elas ficam
instaladas ao lado do cobrador. Porém, a ferramenta não intimida os
assaltantes.
Em uma das imagens, o homem anuncia o assalto. Ele mostra uma faca,
rouba o dinheiro do ônibus e pega também o que o cobrador tem nos
bolsos. Na saída, ainda rouba a bolsa de uma passageira.
Em outro vídeo, o criminoso fica sentado ao lado do cobrador. Depois de
exigir o dinheiro do caixa, ele passa pela catraca e assalta
passageiros.
"Parece que eles desprezam as câmeras. Hoje, o assalto não é mais
limitado a levar somente os valores que os cobradores possam ter, mas
também agressão aos cobradores, aos motoristas, aos usuários que estão
dentro do transporte coletivo. Então, nossa preocupação tem sido
constante", comenta o presidente do sindicato dos trabalhadores em
transporte rodoviário de Pelotas, José Inácio Lopes de Jesus.
Quem utiliza ônibus diariamente reclama da ineficácia das câmeras e
pede mais segurança. "Eu saio cedo e geralmente está escuro. Quando eu
volto, também. Até o trajeto para pegar o ônibus é complicado e dentro
do ônibus também. É mais inseguro do que andar na rua. É bem complicado.
Essas câmeras que eles instalaram não adianta nada. A gente acha que
está seguro mas não está", lamenta a estudante Marciele Cardoso.
ReincidênciaDe acordo com a polícia, os criminosos muitas vezes são os mesmos. O delegado Rafael Lopes reclama do fato da soltura dos assaltantes pouco tempo após serem presos.
“Se nós conseguíssemos manter os principais responsáveis pelo roubo a
transporte coletivo presos por mais tempo, certamente os índices iriam
baixar muito. São sempre os mesmos responsáveis e geralmente eles se
repetem e até o pessoal dos ônibus já os conhecem”, afirma Lopes.
A Brigada Militar informa que intensificou a fiscalização nos
coletivos. "Barreiras policiais, abordagens a coletivos e seus
passageiros, algumas envolvem também os táxis. Abordagem a paradas de
ônibus, onde se concentram em algumas oportunidades, indivíduos que
cometem esse tipo de delito. No ano de 2016, foram 40 ações voltadas
especificamente para o transporte coletivo em Pelotas”, diz o capitão
Bastos Alves, da BM.
Fonte: G1 RS
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