Por Markus DaSilva, Th.D.
Na primeira parte deste texto, estabelecemos uma base para que possamos nos aprofundar neste tema tão complexo, que é a existência do sofrimento no mundo. Deixamos claro que em todo o universo nada ocorre sem que Deus esteja a par e sem que faça parte do seu plano mestre para todos nós (Is 46:10); isso inclui todo o tipo de sofrimento. Mostramos que a ideia de que Deus possuía um “plano original” onde não deveria haver o sofrimento, não passa de imaginação humana sem qualquer respaldo das escrituras. O mundo atual, tal qual se encontra agora, e como se encontrará no final, sempre fez parte do único plano de Deus (Sl 90:2). Acreditem, Deus não lida com programas alternativos. O Senhor sabe o que faz e não precisa de plano B (Dt 32:4).
“Se Deus não me houvesse enviado aquelas enfermidades, poderia falar apenas dos sofrimentos dos outros, e não dos meus próprios”
Há alguns anos atrás, fui internado e operado de um aneurisma. Um tempo depois, voltei a ser internado por causa de uma trombose venosa profunda (TVP). Quem conhece sabe que ambas as doenças são sérias e o risco de morte é alto. O sofrimento na época foi grande para mim e muito maior para a minha esposa e família. Poderia ter morrido, mas o Senhor não o quis, e como o Senhor não o quis, mesmo que todas as doenças do mundo viessem sobre mim, ainda assim não morreria. Por outro lado, se o Senhor quisesse, bastaria um simples resfriado para me tirar deste mundo.
O controle do Senhor sobre a nossa vida é algo indescritível. Pensem bem, se as enfermidades mencionadas não me mataram, por que Deus as enviou? Quais foram os benefícios de tanto sofrimento; de tanto stress? Muitos. Só o Senhor sabe de todos os motivos (Jó 11:7-8), mas me lembro por exemplo que no hospital, ao ver a paz me dada pelo Espírito Santo (2Co 1:3-5), uma enfermeira, chorando, abriu o coração e confessou para mim da sua necessidade de Deus. Minhas doenças também trouxeram a minha família para mais perto de Cristo. E, obviamente, talvez o maior dos benefícios é que estou neste exato momento usando aqueles dias de provações como um testemunho pessoal para milhares de pessoas através do nosso ministério. Se Deus não me houvesse enviado aquelas enfermidades, poderia falar apenas dos sofrimentos dos outros, e não dos meus próprios.
Queridos, “bem-aventurado o homem que suporta a provação; porque, depois de aprovado, receberá a coroa da vida, que o Senhor prometeu aos que o amam” (Tg 1:12). São nos dias de sofrimento, e não nos felizes, que somos testados se realmente amamos a Deus. Abraão não foi aprovado porque gerou a Isaque, mas porque estava disposto a perdê-lo. Moisés não foi aprovado no conforto do palácio de Faraó, mas no calor e frio do deserto. Daniel não foi na sua pátria amada, mas sim no exílio; e Jó não foi nos seus dias prósperos, mas sim na perda total. Todos esses e muitos outros, no passado e no presente, foram e são testados perante todo o universo, físico e espiritual, para que seja demonstrado se realmente amam ao Senhor (Hb 11). Por que isto? Simples. Somente dizer que ama a Deus é fácil; compartilhar postagens é fácil; cantar louvores é fácil; usar camisetas com versículos bíblicos é fácil; até frequentar igreja e ter cargo é fácil. Tudo isso tem o seu valor, mas não somos testados nessas coisas e sim nos sofrimentos (Ap 3:10). É na má notícia, no desespero, no obstáculo, na dor, na escuridão, no abandono, na solidão e nas lágrimas, que deixamos claro em quem confiamos e a quem pertencemos. É no fogo que somos purificados (Zc 13:9). Espero te ver no céu. —Markus DaSilva
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