- Brasília
Karine Melo e Carolina Gonçalves – Repórteres da Agência Brasil
Ao apresentar pessoalmente nesta segunda (29), por cerca de 45
minutos, sua defesa aos senadores, a presidenta afastada Dilma Rousseff ,
ressaltou que foi ao Senado "olhar diretamente nos olhos" dos que a
julgarão.
"Sei que, em breve, e mais uma vez na vida, serei julgada. E por ter minha consciência absolutamente tranquila em relação ao que eu fiz, venho pessoalmente à presença dos que me julgarão", afirmou.
A petista negou ter cometido crimes dos quais é acusada,
segundo ela, “injusta e arbitrariamente”. Hoje, o Brasil, o mundo e a
história nos observam. E aguardam o desfecho desse processo de impeachment", disse.
"Jamais
atentaria contra o que acredito, ou praticaria atos contrários aos
interesses daqueles que me elegeram", disse a petista, visivelmente
emocionada, com a voz embargada por várias vezes. Dilma disse que se
aproximou do povo e, também, ouviu críticas duras a seu governo.
Temer
O
discurso de Dilma não poupou críticas ao governo interino de Michel
Temer. "Um golpe que, se consumado, resultará na eleição indireta de um
governo usurpador. A eleição indireta de um governo, que, já na sua
interinidade, não tem mulheres comandando seus ministérios, quando um
povo nas urnas escolheu uma mulher para comandar o país", afirmou.
Dilma
também disparou críticas à composição ministerial montada por Temer
desde o afastamento dela, em 12 de maio deste ano. "Um governo que
dispensa os negros na sua composição ministerial. E já revelou um
profundo desprezo pelo programa escolhido e aprovado pelo povo."
A
presidenta afastada afirmou que durante seu governo e do presidente
Lula, "foram dadas todas as condições para que as investigações fossem
realizadas".
"Assegurei a autonomia do Ministério Público, não
permiti qualquer interferência política na atuação da Polícia Federal.
Contrariei interesses, por isso paguei e pago um elevado preço pessoal
pela postura que tive", afirmou.
Cunha
Dilma
lembrou a atuação do ex-presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), que foi o responsável por dar o sinal verde ao processo
contra ela na Casa.
Sobre os políticos que se aliaram ao
ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha, ela disse eles encontraram "o
vértice da sua aliança golpista". "Articularam e viabilizaram a perda da
maioria parlamentar do governo. Situações foram criadas com apoio
escancarado de setores da mídia", disse. "Todos sabem que esse processo
de impeachment foi aberto por uma chantagem explícita do ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha."
Segundo
Dilma, se ela tivesse se "acumpliciado" com a improbidade e com o que,
classficou, que “há de pior na política brasileira, como muitos até hoje
parecem não ter o menor puder em fazê-lo, eu não correria o risco de
ser condenada injustamente", afirmou.
Edição: Maria Claudia
Fonte: Agência Brasil
Fonte: Agência Brasil
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