quinta-feira, 15 de setembro de 2016

VIOLÊNCIA ASSUSTA MORADORES DO LITORAL NORTE DO RIO GRANDE DO SUL

15/09/2016 

Em Capão da Canoa, 22 pessoas foram assassinadas somente neste ano.

É uma perda muito grande, está sendo muito difícil"
Eli de Oliveira Gomes, pai de Ismael
“A gente nunca espera que isso chegue às nossas portas, ao nosso lar, é uma perda muito grande, está sendo muito difícil”, diz Eli de Oliveira Gomes, pai de Ismael. Ele não tinha antecedentes criminais e era estudante.
Segundo as investigações, o jovem foi assassinado numa vila. Depois os criminosos levaram o corpo até outra região. Na sexta (9) pela manhã, um tio encontrou o corpo do sobrinho perto de uma duna na praia.
"A crueldade foi tão grande, eles enterram um metro e meio”, conta o primo da vítima, Luiz Eduardo Silveira. Dois adultos e dois menores estão presos, todos com antecedentes por tráfico de drogas.
O crescimento da criminalidade também assusta moradores de Capão da Canoa. Só neste ano foram registrados 22 assassinatos, a mesma marca de 2015. A polícia prendeu 19 suspeitos de envolvimento nesses crimes.
Residência de madeira foi completamente destruída (Foto: Arquivo Pessoal)
Residência de madeira foi completamente
destruída (Foto: Arquivo Pessoal)
Casa desmanchada é investigada
O crime mais recente que está sendo investigado é o suposto furto de uma casa inteira, com janelas, portas, móveis, em cidreira. O trabalho de retirada da residência levou mais de 20 dias, mas uma vizinha só desconfiou após um dos pedreiros, contratados para o serviço, reclamar da falta de pagamento. Mas naquele momento só restavam as fundações da casa de madeira, na Rua Arnaldo Jose Berger.

O delegado Alexandre Silva Pereira Souza explicou que o homem que teria contratado o serviço ainda não foi identificado. Na região não há câmeras de segurança que poderiam auxiliar no reconhecimento. Nos próximos dias a polícia pretende ouvir testemunhas. Entre eles estão os pedreiros, a vizinha e os proprietários da residência.
Souza suspeita que o crime tenha relação com disputa patrimonial, devido ao tempo de execução do serviço. "As obras vem sendo feitas há mais de um mês. Ninguém vai fazer obras na casa dos outros dessa maneira", disse o delegado.

Em entrevista à RBS TV, um dos pedreiros disse que só recebeu R$ 85 no primeiro dia de serviço, mas o restante do valor não foi pago. "Ele veio, recolheu todas as madeiras e colocou no lixão ali na frente, foi tudo fora. No outro dia iria vir pagar, mas não veio me pagar." 

O pedreiro conta que homem que contratou o serviço disse que era parente da dona da casa. "Ele era muito rico, só as roupas que ele estava bem arrumado (...) Ele tinha as chaves, da casa dos portões. Sabia que era dois irmãos."

Vizinha desconfiou e ligou para família
No último domingo (11), a vizinha entrou em contato com a pedagoga Valdete Vroff de Azevedo, 52 anos, moradora de Porto Alegre e casada com um dos donos da residência. "Ela nos ligou porque ficou surpresa que eles tiraram o portão da frente da casa e as grades. Daí o terreno ficou todo aberto", disse a mulher à RBS TV.

A vizinha contou que, há cerca de 20 dias, dois homens chegaram ao local e se passaram por funcionários de uma construtora. Disseram que a casa seria demolida a pedido da família. "Eles pararam de caminhão e recolheram todos os móveis", contou ao G1.

Fotografia mostra como era residência (Foto: Arquivo Pessoal)
Fotografia mostra como era residência
(Foto: Arquivo pessoal)
Em seguida, a dupla pediu a indicação de um pedreiro, e duas pessoas foram contratadas para o serviço. Antes, todos os móveis foram removidos. Depois disso, a casa começou a ser desmanchada.

Uma semana se passou e a dupla voltou para recolher telhas, paredes e outras partes da moradia. Passaram-se mais alguns dias, quando um dos pedreiros reclamou da falta de pagamento. A vizinha também desconfiou da retirada do portão da frente da casa e da cerca lateral. Por isso, telefonou no domingo para Valdete.

"Ficamos surpresos, ficamos enlouquecidos com aquela situação. Fomos até lá e nos deparamos com aquela imagem. Tudo destruído, não sobrou nada e o pedreiro lá esperando o pagamento."

A pedagoga lamenta a perda. "A família gostava muito. Era o lazer que nós tínhamos e a gente acabou perdendo tudo. (...). Tu chega lá dá uma indignação em ver que não tem segurança, não tem respeito pelo teu material. Foi muito triste sim."

Móveis foram levados primeiro
Foram levados inúmeros móveis, como camas, beliches e armários, e ainda geladeira, freezer e fogão. Há pouco mais de dois meses, a casa já tinha sido arrombada, mas vizinhos chamaram a polícia e conseguiram evitar que objetos fossem levados.

Na época, Valdete contou que pretendia construir outra casa no terreno, já que a existente tinha mais de 15 anos. "Acho que a vizinha associou as duas coisas e acreditou na história dessas pessoas", entende.
A pedagoga diz que a família não tem divídas com outras pessoas e, por isso, desconhece possíveis suspeitos.
Fonte: G1 RS

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