21/11/2016
- Brasília
Pedro Peduzzi, Andréia Verdélio, Yara Aquino - Repórteres da Agência Brasil
Em
um de seus discursos mais longos desde que assumiu a Presidência da
República, Michel Temer disse hoje (21), durante a abertura das reuniões
do novo Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, que as
dificuldades que o país enfrenta vão além da questão do déficit fiscal e
passam também por um “déficit da verdade”, que acabou por isolar o
governo anterior. Se o país continuasse no ritmo em que estava, disse o
presidente, teria de ser “fechado para balanço em 2024".
Segundo
ele, os trabalhos a serem desenvolvidos pelo Conselhão nesta e nas
futuras reuniões serão relevantes para reverter esse quadro. “No Brasil
que encontramos não havia apenas o déficit fiscal. Havia também, lamento
dizê-lo, um certo déficit da verdade. Devo dizer que a gigantesca crise
que herdamos é, em parte, produto de tentativas de disfarçar a
realidade”, disse o presidente durante a abertura dos trabalhos do
Conselhão.
Criado em 2003, o Conselho de Desenvolvimento
Econômico e Social tem o objetivo de assessorar o presidente da
República e os demais órgãos do Poder Executivo na elaboração de
políticas públicas, articulando as relações do governo com os setores da
sociedade civil representados. A versão atual do grupo teve 67% de seus
membros renovados e terá como tema da primeira reunião a retomada do
crescimento econômico.
Saiba Mais
Durante
sua fala, Temer apresentou parte da estratégia do seu governo para
amenizar os problemas econômicos do país. Segundo ele, neste primeiro
momento, o governo está atuando no sentido de combater a recessão para,
em um segundo momento, fazer com que o país cresça e, em um terceiro
momento, gerar empregos. “Só faremos o Brasil crescer substituindo
ilusionismo pela lucidez”, disse.
“Nossa crise é de natureza
fiscal. Por muito tempo, o governo gastou mais do que podia. Agora, a
realidade bate à porta e cobra seu preço. O déficit era de R$ 170
bilhões, e o da Previdência Social poderá chegar a R$ 140 bilhões. São
déficits assustadores que ruíram a confiança dos investidores e dos
consumidores. O preço desse descuido das contas públicas não é pago pelo
governante que gasta demais. É pago pelo trabalhador que sente os
efeitos da irresponsabilidade no emprego e no bolso”, disse o
presidente.
Fechar para balanço
Segundo
ele, os números encontrados por sua equipe após assumir o governo
“simplesmente não fecham”. “Se prosseguíssemos naquele ritmo [adotado
durante o governo Dilma Rousseff], em 2024 teríamos de fechar o Brasil
para balanço. Evidentemente, a Previdência faz parte desse conserto”,
disse ao justificar as movimentações que o governo vem fazendo com o
intuito de fazer uma reforma da Previdência.
Temer voltou a
afirmar que encontrou o país “imerso em uma das piores crises da
história”, e que é necessário “abandonar o isolamento do poder,
construir pontes de entendimento e articular consensos”. É com esse
cuidado, acrescentou, que o governo tem buscado restabelecer a relação
harmônica entre os poderes.
“Estamos implementando uma agenda de
produtividade, tratando o setor privado como parceiro. E vamos restituir
ao Estado o seu papel regulador”, disse Temer.
Segundo ele, esse
papel regulador do Estado terá reflexos positivos no setor privado. “A
empresa terá agora escolhas, e não amarras”, disse ao ressaltar que já
há índices mostrando que o consumo está começando a aumentar graças à
confiança tanto do setor empresarial como dos trabalhadores.
Edição: Lílian Beraldo
Fonte: Agencia Brasil
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