02/12/2016 18h00
- Brasília
Daniel Isaia – Correspondente da Agência Brasil*
O
goleiro Danilo Padilha, uma das vítimas do acidente aéreo ocorrido na
última terça-feira (29), na Colômbia, era um dos grandes ídolos da
torcida da Chapecoense. Poucos dias antes da tragédia, o atleta já havia
conseguido em definitivo seu lugar no coração do torcedor, ao
protagonizar uma defesa considerada "milagrosa", nos últimos minutos da
partida contra o San Lorenzo, da Argentina, em plena Arena Condá — lance
que garantiu a classificação do time catarinense para a final da Copa
Sul-Americana.
Na tarde de hoje (2), a mãe do herói chapecoense,
Ilaíde Padilha, conhecida como dona Ilaíde, foi até o estádio do clube e
fez questão de conversar com os jornalistas. Ela andou pelo gramado da
Arena Condá acompanhada por uma psicóloga da prefeitura de Chapecó e
pelas duas filhas. Após cada entrevista concedida, a mãe de Danilo fez
questão de abraçar cada repórter com quem conversou.
“Estou
vivendo um pesadelo, ainda. Eu acho que ele vai voltar da Colômbia, mas
não dentro de um caixão. Eu acho que ele vai voltar com um bom resultado
e que, na semana que vem, eu vou a Curitiba vê-lo jogar a final e
aplaudi-lo. Por isso, estou em pé, disse dona Ilaíde, com delicadeza. “O
Danilo é o meu filho amado, é o meu anjo. Onde quer que ele esteja,
está me abraçando e me segurando. É ele quem está me mantendo aqui. Meu
anjo, meu ídolo e meu herói”, desabafou.
Ao perceber que um dos
jornalistas presentes era colombiano, a mãe do ídolo chapecoense revelou
que o momento de maior angústia, no dia do acidente, foi quando recebeu
um telefonema das autoridades do país vizinho. “Foi quando me ligaram
pedindo descrições do Danilo para identificar o meu filho e, depois,
desligaram o telefone na minha cara, sem falar nada. Tudo bem, eu
entendo que a pessoa provavelmente não tinha permissão para me falar se
era ele, ou se não era. Mas foi o momento mais difícil”, afirmou, sem
demonstrar rancor.
Logo em seguida, dona Ilaíde comentou a
homenagem que os colombianos fizeram em Medellín, na noite de
quarta-feira (30), quando ocorreria o jogo entre Atlético Nacional e o
Chapecoense. “Tenho que agradecer aquele momento. Vocês demonstraram um
espírito de humanidade para conosco de uma forma grandiosa. Quando eu
vejo aquelas imagens, me arrepio. É impossível não agradecer à Colômbia
por isso.”
Ela não assistiu, entretanto, à homenagem que ocorreu
na mesma noite, em Chapecó, quando Danilo foi ovacionado pela torcida na
Arena Condá. Naquela data, ela ainda estava em Cianorte (PR), onde
mora. “A minha filha, que assistiu, falou: ‘mãe, eu arrepiei toda.
Quando a foto do Danilo apareceu, e a torcida inteira gritou o nome
dele, eu desmontei’. Então, foi bom que eu ainda não tenha visto. Eu
quero ver isso com calma, depois, em um momento oportuno.”
Ilaíde
Padilha também fez questão de agradecer ao apoio que está recebendo da
população de Chapecó. “A cidade estava abraçada com esses jogadores.
Você saía de casa, e eles estavam lá abraçados com os meninos na rua. O
povo de Chapecó é muito acolhedor. E é a torcida maravilhosa que acolheu
o Danilo como um ídolo”, ressaltou.
A mãe do goleiro chapecoense
ainda encontrou espaço para declarar um arrependimento aos microfones
da imprensa. Ela lembrou ter afirmado, nos últimos dias, que não havia
recebido um único telefonema do clube catarinense para oferecer apoio à
família. “Mas agora, percebi que era eu quem tinha que dar apoio à
Chapecoense, porque não sobrou quase nada do clube aqui. Essas pessoas
que sobraram, somos nós, que precisamos abraçá-las, porque elas também
estão perdidas.”
Edição: Maria Claudia
Fonte: Agência Brasil
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