23/12/2016 18h14
Brasília
André Richter - Repórter da Agência Brasil (*)
Pelo
menos sete países da América Latina anunciaram hoje (23) que vão
investigar o suposto pagamento de propina de executivos da empreiteira
brasileira Odebrecht, investigada na Operação Lava Jato, em troca de
vantagens em contratos públicos.
As medidas foram tomadas em
reação à divulgação de documentos nos quais o Departamento do Estado dos
Estados Unidos confirmou que a Odebrecht pagou mais de US$ 1 bilhão,
cerca de R$ 3,3 bilhões, em propina a funcionários de governos em 12
países.
As informações foram divulgadas na quarta-feira
(21) após a confirmação de que anúncio de que a empreiteira assinou
acordo de leniência com autoridades do Estados Unidos, Suíça e do Brasil
simultaneamente.
Peruano nega propina
O
presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, negou ter recebido dinheiro
quando era presidente do Conselho de Ministros no governo do
ex-presidente Alejandro Toledo, que ocupou o cargo entre 2001-2006.
Kuczynski disse que apóia a investigação sobre as denúncias.
"Eu
posso garantir que não recebi nada, nem sei de nada. Obviamente, deve-se
investigar tudo isso e sou a favor de uma profunda investigação",
disse.Diante das novas denúncias, a procuradoria do Peru decidiu reabrir uma investigação na qual Kuczynski foi acusado de favorecer a Odebrecht em uma concessão pública durante o período em que ocupou cargo no Conselho de Ministros.
Equador investigará propina
O governo do Equador anunciou que pediu ao Ministério Público que investigue supostos pagamentos de propina pela Odebrecht no país. Uma das principais obras feitas pela empreiteira foi a construção do metrô da capital, Quito.
Em 2008, o atual presidente, Rafael Correa,
expulsou a Odebrecht do país sob a alegação de que houve irregularidades
da usina hidrelétrica de San Francisco, financiada com recursos do
Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).
Colômbia cancelará contratos
Por
meio do secretário de Transparência da Presidência da República, Camilo
Enciso, a Colômbia anunciou que vai cancelar todos os contratos nos
quais ficar comprovada que a Odebrecht pagou propina.
"No momento
em que for demonstrado de maneira clara que houve pagamento de
subornos, o estado colombiano não duvidará de nenhuma maneira em tomar
as decisões necessárias para terminar de maneira unilateral seus
contratos e para evitar que a Odebrecht continue tendo negócios no
país", disse Enciso.
Argentina pede informações a investigadores
Na
Argentina, o órgão responsável pelo combate à corrupção informou que
pediu informações à força-tarefa de investigadores da Lava Jato para
obter informações mais detalhadas sobre as denúncias de que US$ 35
milhões foram pagos em propina para funcionários públicos entre 2007 e
2015, fato que teria ocorrido durante o governo da ex-presidente
Cristina Kirchner.
Oposição da Venezuela vai apurar denúncias
Na
Venezuela, parlamentares oposicionistas ao governo do presidente
Nícolas Maduro afirmam que vão investigar as denúncias por meio da
Comissão de Controladoria do Parlamento.
As suspeitas são sobre supostos pagamentos de propina a funcionário do governo de Maduro e do ex-presidente Hugo Chavez.
Panamá anuncia punição
O
governo do Panamá prometeu processar e punir integrantes do governo,
que teriam recebido mais US$ 59 milhões em propina. O Ministério Público
local informou que pedirá informações aos Estados Unidos sobre o caso.
México abre investigações
O
governo mexicano e a Pemex, estatal petrolífera, informaram que abriram
investigação para apurar o suposto pagamento de aproximadamente US$ 10
milhões para que a Odebrechr fosse beneficiada em contratos da estatal.
O outro lado
Ao
assinar o acordo de leniência com autoridades dos Estados Unidos,
Brasil e Suíça, a Odebrecht divulgou nota à imprensa na qual pede
desculpas e diz que "se arrepende profundamente da sua participação nas
condutas que levaram a este acordo e pede desculpas por violar os seus
próprios princípios de honestidade e ética.”
No comunicado, a
Odebrecht diz que "permanecerá cooperando com as autoridades e adotará
as medidas adequadas e necessárias para continuamente aprimorar seu
compromisso com práticas empresariais éticas e de promoção da
transparência em todas as suas ações."
* Com informações da AFP
Edição: Kleber Sampaio
Alexandrepfilho Via Agência Brasil
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