14/04/2017
Brasília
Mariana Tokarnia - Repórter da Agência Brasil
Cuba cancelou o envio de 710 médicos para o
Brasil, previsto para este mês. A suspensão se deu, conforme ofício
enviado ao governo brasileiro, devido ao possível descumprimento de
termos do acordo de cooperação. Em nota enviada à imprensa, o Ministério
da Saúde diz que poderá enviar a Cuba uma delegação brasileira para
esclarecer os questionamentos do governo cubano.
O Brasil
recebeu nesta quinta-feira (13), por meio da Organização Pan-Americana
de Saúde (Opas), a solicitação de uma reunião de representantes
brasileiros e cubanos para tratar do programa Mais Médicos.
Segundo
o governo cubano, o cancelamento do envio se deu pelo aumento de ações
judiciais impetradas por médicos cubanos vinculados ao programa e sua
contratação direta pelo Ministério da Saúde, determinada por liminares.
Essa situação, segundo o texto do ofício, não estaria em conformidade
com o acordo firmado.
A cada três meses, o Ministério da Saúde
realiza editais para preencher os postos de trabalho eventualmente vagos
no programa. No último edital, para cerca de 1,6 mil vagas, mais de 8
mil candidatos brasileiros se inscreveram para a seleção.
Saiba Mais
Segundo
o Ministério da Saúde, caso necessário, as vagas não preenchidas pela
cooperação serão oferecidas nos próximos editais. Os médicos cubanos que
chegariam ao Brasil são 600 novos bolsistas e 110 para reposição de
profissionais.
Cubanos no Mais Médicos
Quando
o Mais Médicos foi lançado, em 2013, a maciça presença de médicos
cubanos foi duramente criticada pelas entidades médicas brasileiras. Um
dos motivos foi o fato de estes profissionais não terem registro nos
conselhos regionais de medicina do Brasil. Além disso, os vencimentos
deles são pagos ao governo cubano, que repassa ao profissional um valor
menor do que o recebido por outros participantes do programa.
Porém,
apesar de os editais do programa sempre priorizarem a contratação de
brasileiros, a maior parte das vagas, muitas localizadas em áreas
carentes e de difícil acesso, como Distritos Sanitários Indígenas, não
atraía o interesse de profissionais brasileiros. Desde 2015, o governo
tem apostado em novas estratégias para que os brasileiros participem do
Mais Médicos.
Em janeiro deste ano, pela primeira vez, além da
reposição de rotina, foram disponibilizadas vagas antes ocupadas por
profissionais cubanos, que vieram ao Brasil por uma cooperação
intermediada pela Opas. Segundo balanço do início deste ano, das 18.240
vagas do programa, 62,6% são ocupadas por cooperados cubanos, 29% por
brasileiros formados no Brasil e 8,4% estrangeiros e brasileiros
formados no exterior.
A meta do governo federal é substituir 4
mil médicos cooperados por brasileiros em três anos e, assim, reduzir de
11,4 mil para 7,4 mil participantes cubanos. A expectativa é chegar a
7,8 mil brasileiros no Mais Médicos, representando mais de 40% do total
de profissionais.
Edição: Kleber Sampaio
Fonte: Agência Brasil
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