27/04/2017 Belo Horizonte
Léo Rodrigues - Correspondente da Agência Brasil
O goleiro Bruno Fernandes se apresentou espontaneamente à
delegacia da Polícia Civil em Varginha (MG) na tarde de hoje (27) e está
sendo encaminhado para o presídio do município, onde ele declarou
possuir residência fixa. Seu retorno à prisão se dá após decisão do
Supremo Tribunal Federal (STF) que revogou liminar que o mantinha em liberdade.
Na
terça-feira (25), após a decisão da Corte, Bruno já havia se
apresentado à Polícia Civil, mas foi liberado uma vez que ainda não
havia mandado expedido contra ele. Ele ainda deve ser transferido para
outra unidade prisional. A decisão ficará a cargo da Secretaria de
Administração Prisional de Minas Gerais.
Bruno é apontado como
autor do assassinato de Eliza Samudio, com quem teve um relacionamento e
um filho. Ela desapareceu em 2010, aos 25 anos, e foi considerada morta
pela Justiça. Seu corpo nunca foi encontrado. Na época, o goleiro
atuava no Flamengo. Em 2013, ele foi condenado a 22 anos e três meses
pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro e ocultação
de cadáver. Seu amigo Luiz Henrique Romão, conhecido como Macarrão,
também foi condenado.
Em fevereiro deste ano, o ministro do STF, Marco Aurélio Mello, concedeu uma liminar
determinando a soltura de Bruno para que pudesse recorrer em liberdade.
Mello destacou que ele já somava seis anos e sete meses de prisão sem
que tivesse sido condenado em segunda instância.
O ministro baseou-se em decisão do STF
tomada no ano passado, segundo a qual a pena deve começar a ser
cumprida após sentença de segunda instância, o que não era o caso de
Bruno. Ele vinha sendo mantido preso preventivamente desde 2010. De
acordo com o Código de Processo Penal, a prisão preventiva deve atender
aos princípios da proporcionalidade e necessidade, não tendo prazo de
duração máxima.
Porém, ao derrubar a liminar nesta semana, a
Primeira Turma do STF considerou que a soltura de Bruno vai contra a
decisão soberana do júri popular, que negou ao goleiro o direito de
recorrer de sua condenação em liberdade. Este foi o entendimento do
ministro relator Alexandre de Moraes, que foi acompanhado pelos votos de
Rosa Weber e Luiz Fux.
A Corte considerou ainda que a demora no
julgamento pela segunda instância se dá pelas peculiaridades do caso,
não podendo ser atribuída à inércia dos órgãos de Justiça. O caráter
hediondo dos crimes também justificaria a manutenção da prisão. O
advogado Lúcio Adolfo, responsável pela defesa de Bruno, não atendeu as
tentativas de contato da Agência Brasil para comentar a decisão.
Boa Esporte
Nos
dois meses em que esteve em liberdade, Bruno voltou a atuar no futebol
profissional. Aos 32 anos, ele fechou acordo com a equipe mineira Boa
Esporte, sediada em Varginha (MG). Diante do anúncio, diversos patrocinadores do clube optaram por romper o contrato, mas a diretoria manteve o Bruno na equipe.
Bruno
jogou cinco partidas pelo Boa Esporte, que está disputando a segunda
divisão do Campeonato Mineiro. Foram duas vitórias, dois empates e uma
derrota. O contrato do goleiro com a equipe mineira previa a rescisão
automática caso ele voltasse à prisão e ficasse incapacitado de atuar.
Edição: Amanda Cieglinski
Fonte: Agência Brasil
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