05/05/2017 13h18Brasília
Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil
O presidente Michel Temer disse que apenas “parte
da Igreja Católica” faz críticas às reformas trabalhista e
previdenciária que estão sendo tocadas por seu governo. Segundo ele, as
críticas públicas feitas por alguns integrantes da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) não representam a posição da entidade, mas a
histórica posição da igreja em “proteger os pobres”.
A
declaração foi feita em entrevista concedida ontem (4) à Rede TV News.
“Não é bem a Igreja Católica [que faz essa oposição]. Você sabe que é
uma parte da igreja Católica. Melhor me expressando, é talvez uma parte
da CNBB e nada mais do que isso”, disse o presidente. “E o que está
acontecendo com uma parte da CNBB, não é que eles estejam contra, é que
eles fazem uma coisa que a Igreja sempre fez, que é proteger os pobres”,
acrescentou.
A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) publicou nota no mês passado,
em conjunto com o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) e o Conselho Federal de Economia (Cofecon), contra a reforma da
Previdência. Em nota, as três entidades disseram que é necessário que a
sociedade brasileira esteja atenta às “ameaças de retrocessos”. Em
março, após reunião de três dias, os dirigentes da Conferência Nacional
dos Bispos do Brasil (CNBB) já haviam se manifestado em relação ao tema,
afirmando que a Proposta de Emenda à Constituição 287/2016 reduz a
Previdência a uma questão econômica e “escolhe o caminho da exclusão
social”.
Temer disse ter se encontrado com o presidente da CNBB,
Dom Sérgio, a quem esclareceu muitos pontos da reforma. “Eu expliquei a
verdade sobre a Previdência. Eu já tinha falado com Dom Odilo, com Dom
Cláudio Hummes, depois falei com o Dom Damasceno. Combinamos que eu
mandaria uma correspondência para os 78 ou 80 bispos que fazem parte de
um núcleo principal da CNBB, esclarecendo as questões da Previdência”,
disse o presidente.
Saiba Mais
“Como
essas informações não chegaram por completo e não chegaram por inteiro a
todos os setores da Igreja Católica, há um ou outro setor que se opõe,
até publicamente [às reformas]. Eu acho que, muito brevemente, pelas
medidas todas que nós estamos tomando, nós vamos conseguir, revelando a
verdade, fazer com que a Igreja também partilhe dessa verdade”,
acrescentou.
Ainda durante a entrevista, Temer disse que após a
aprovação das reformas trabalhista e previdenciária, dedicará esforços
às reformas política e tributária. “Você sabe que nós vamos fazê-las,
logo depois que encerrar esse primeiro ciclo [de reformas]. Vamos para
duas outras reformas. Uma delas não será exatamente uma reforma, mas uma
simplificação que significa desburocratização dos meios de pagamento
dos tributos”, disse ele.
“Já estamos fazendo isso nos chamados
despachos aduaneiros. Fizemos isso na área da agricultura, e vamos fazer
em toda área tributária. Como o Congresso quer fazer uma reforma
política, eu creio que esta é também fundamental para o País. Portanto,
vamos caminhar para a reforma política, auxiliando o Congresso [a
fazê-la], porque essa é uma tarefa do Congresso”, acrescentou.
Financiamento de campanha
Temer
manifestou preocupação com a possibilidade de o Supremo Tribunal
Federal decidir que, nas eleições de 2018, empresas privadas sejam
proibidas de financiar campanhas eleitorais. “Espero que isso [decisão
do STF] não seja levado às últimas consequências, porque será muito
ruim. Quem for candidato agora em 2018, sem financiamento privado, vai
ter dificuldade extraordinária”.
“Sempre fui a favor da
contribuição de pessoa jurídica a candidatos, desde que fosse para um
candidato. Porque você, quando você faz uma contribuição, eu pessoa
física, contribuo para sua candidatura, é porque eu acredito em você. O
que aconteceu no Brasil foi que, ao longo do tempo, as pessoas jurídicas
contribuíam indistintamente”, argumentou.
Ainda sobre o STF,
Temer disse não acreditar que a decisão de soltar presos provisórios
como o ex-ministro José Dirceu abra precedentes que possam representar
derrota para a Lava Jato. “Derrota? Meu Deus do Céu, o País, o
Judiciário é feito de instâncias. Tem o primeiro grau de jurisdição,
segundo grau de jurisdição, terceiro grau de jurisdição e o STF. É por
instâncias, não há derrota. Há, muitas vezes, revisão”, disse. “O que
não pode haver é briga entre as instâncias, porque são instâncias
diversas”, acrescentou.
Edição: Lidia Neves
Fonte: Agência Brasil
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