07/02/2017
- 19h07
- Vitória
Ana Cristina Campos – Enviada especial da Agência Brasil
O clima é de tensão em frente ao Comando Geral da
Polícia Militar do Espírito Santo em Maruípe, na região central de
Vitória, desde meados da tarde de hoje (7). Moradores pedem a volta dos
policiais militares para o patrulhamento das ruas e protestam contra a
presença dos familiares – principalmente mulheres – em frente aos
quartéis.
Desde sábado (4), a capital capixaba está sem
policiamento nas ruas e parentes de policiais militares estão impedindo a
saída de viaturas como forma de protesto. Os familiares reivindicam
reajuste salarial e o pagamento de benefícios aos policiais.
Os militares do Exército que chegaram ontem
(6) para reforçar a segurança no Espírito Santo estão no local
separando os dois grupos e já liberaram o trânsito na Avenida Maruípe
que havia sido interditada pelos manifestantes.
A manicure
Marislaine da Silva Feu, 32 anos, era uma das que protestavam contra a
presença das mulheres em frente ao quartel e veio reivindicar para que
elas saíssem da frente do batalhão. “Estou sem poder trabalhar porque
meus quatro filhos estão sem estudar. Nós estamos presos dentro de casa.
Eu sou filha de militar, mas eu não sou a favor dessa greve. A gente
está sofrendo. Escolas estão fechadas, comércio sendo saqueado, pessoas
morrendo”, disse a moradora de Vitória.
Em frente à entrada do
quartel geral, a professora Priscila Nascimento de Almeida, de 27 anos,
namorada de um policial militar, levou uma pedrada na cabeça, segundo
ela, jogada pelos manifestantes.
“Queremos
reivindicar um salário melhor porque eles passam dificuldade, correm
risco. Os moradores deveriam ir atrás do secretário de Segurança e não
vir para cá. A gente está fazendo a nossa manifestação sem agredir
ninguém”, disse Priscila, que está desde sábado acampada com outras
mulheres em frente ao batalhão. “A culpa não é da polícia. Eles têm que
cobrar do governo”.
Clima de insegurança
A
região metropolitana de Vitória ainda vive um clima de insegurança após
a onda de violência que atinge o estado quatro dias após o início da
mobilização de parentes de policiais militares, que impedem a saída de
viaturas dos batalhões.
Apesar da presença de mil homens das
Forças Armadas e 200 da Força Nacional que patrulham as ruas para
reforçar a segurança da região metropolitana de Vitória, a maior parte
do comércio está fechado, há poucos ônibus circulando e muitas ruas
estão vazias.
Pelo segundo dia consecutivo, a prefeitura de
Vitória suspendeu a volta às aulas na rede municipal e o atendimento em
todas as unidades de saúde da capital do Espírito Santo.
Liminar
Uma
liminar do Tribunal de Justiça do Espírito Santo (TJES) não impediu a
mobilização de parentes de policiais militares. A Justiça decretou a
ilegalidade do movimento e proibiu a realização de qualquer tipo de
paralisação dos serviços de segurança pública pelos policiais, sob pena
de multa diária de R$ 100 mil para as associações de classe dos
militares. O desembargador do TJES, Robson Luiz Albanez, determinou
ainda que os piquetes montados nas sedes da Polícia Militar e do Corpo
de Bombeiros sejam desfeitos.
Na decisão, Albanez argumenta,
baseado na Constituição, que é vedado qualquer tipo de paralisação por
parte de militares, uma vez que seus serviços são indispensáveis para a
sociedade e que a ausência de policiamento coloca em risco a segurança
coletiva.
Edição: Amanda Cieglinski
Fonte: Agência Brasil
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