22/11/2016 17h30
- Rio de Janeiro
Flávia Villela - Repórter da Agência Brasil
O
advogado Antônio Modesto da Silveira morreu hoje (22), aos 89 anos, no
Rio de Janeiro. Considerado por juristas o advogado que mais defendeu
presos políticos e familiares de desaparecidos e sequestrados pelo
regime ditatorial brasileiro de 1964-1985, Modesto da Silveira foi
eleito deputado federal pelo Movimento Democrático Brasileiro (MDB), no
Rio de Janeiro, em 1978, e foi um dos articuladores da Lei de Anistia,
aprovada no ano seguinte. A causa da morte não foi comunicada pela
família. O velório será realizado amanhã (23), a partir das 8h, na sede
da OAB-RJ, Avenida Marechal Câmara, 150, 9º andar.
O presidente
da Ordem dos Advogados do Rio de Janeiro (OAB-RJ), Felipe Santa Cruz,
lamentou a morte de Modesto da Silveira, afirmando que foi um dos
grandes defensores da democracia. “Foi advogado no período mais terrível
da nossa história, defensor dos perseguidos políticos”, disse, em nota.
“Pessoalmente, tenho muita gratidão, pois ele foi advogado da minha
família durante a ditadura, do caso do desaparecimento do meu pai. Um
homem que deixou como exemplo um modelo de advocacia para que possamos
seguir”, disse Santa Cruz, que é filho do desaparecido político Fernando Santa Cruz.
No
início da década de 1970, Modesto da Silveira tornou-se advogado
voluntário da Associação Brasileira de Imprensa (ABI) e defendeu dezenas
de pessoas gratuitamente. Foi membro do Conselho Brasileiro da Defesa
da Paz (Condepaz), do Conselho Mundial da Paz (CMP) e da Comissão de
Ética Pública do governo federal, entre outras atividades ligadas à
defesa dos direitos humanos.
Modesto da Silveira era filho de
lavradores sem-terra do interior de Minas Gerais e chegou a trabalhar
como operário de pedreira na infância. Concluiu a faculdade de Direito
dois anos antes do golpe de Estado no Brasil. Chegou a ser sequestrado
pelo Departamento de Ordem Pública – Centro de Operações de Defesa
Interna (DOI – CODI), assim como vários advogados como os ilustres
Heleno Fragoso, Evaristo de Moraes, Augusto Sussekind de Moraes Rego,
entre outros.
O advogado nunca deixou de atuar nas causas sociais e participou ativamente pela instalação da Comissão da Verdade e pela a abertura dos arquivos da ditadura militar.
Edição: Maria Claudia
Fonte: Agência Brasil
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