27/11/2016
- Brasília
Pedro Peduzzi - Repórter da Agência Brasil
O
presidente Michel Temer disse neste domingo (27) que vai “exigir” que a
suposta gravação feita pelo ex-ministro da Cultura Marcelo Calero venha
a público. Na conversa, Temer e Calero conversaram sobre “um conflito
entre órgãos da administração” no episódio envolvendo um impasse com o
Instituto Nacional do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan)
para liberação de um empreendimento de interesse do agora também
ex-ministro Geddel Vieira Lima.
“Ao que parece, ele [Calero]
gravou a conversa. Com toda franqueza, acho que gravar clandestinamente é
sempre algo desrazoável e gravíssimo. Se gravou, vou exigir que essa
gravação venha à luz. Todos vocês sabem que sou cuidadoso com as
palavras e que jamais diria algo inadequado”, disse o presidente em
entrevista coletiva convocada neste domingo para anunciar um acordo entre o Executivo e o Legislativo para impedir a anistia ao caixa dois eleitoral.
Segundo
Temer, o caso representa apenas “um conflito entre órgãos da
administrarão” entre o Iphan da Bahia, que liberou o empreendimento, e o
Iphan nacional, subordinado ao Ministério Cultura, e que não deu aval
para o imóvel. “O ex-ministro [Marcelo Calero] me procurou na
quarta-feira (23) à noite, durante o jantar com os senadores, dizendo
que tinha um pedido [feito pelo Geddel] que seria difícil atender. Eu
disse para fazer o que achasse melhor, e que se houve pleito, que visse o
que seria melhor fazer”, disse o presidente.
“Na
quinta-feira (24), ele veio à tarde para falar comigo e me contou por
inteiro o caso. Ele disse que não queria entrar na história. Eu disse
que se ele não quisesse entrar na história, havia uma solução legal: a
lei diz que quando há conflito de órgãos, pode-se ouvir a
Advocacia-Geral da União, que fará avaliação daquele conflito. Logo
depois ele disse que queria voltar a noite para falar comigo. Voltou às
21h com a mesma conversa, com o mesmo conteúdo. Parece que ele gravou
mesmo”, acrescentou.
Temer disse ter dado a Calero a garantia de
que tomasse a decisão que considerasse correta, mas que, em seguida,
recebeu dele o pedido de exoneração.
Saída de Geddel
O
presidente disse que o caso acabou ganhando “dimensão extraordinária” e
reconheceu que a demora entre a acusação de Calero e a saída de Geddel
do governo não foi útil. “Se tivesse demorado menos seria melhor, mas
também não causa prejuízos de grande monta.”
Temer disse que
ainda não decidiu quem ocupará o cargo de Geddel, após o pedido de
exoneração feito na sexta-feira (25). “Estou examinando com muito
cuidado quem pode ir para a articulação política, na Secretaria de
Governo. O perfil será de alguém com lisura absoluta na conduta e, por
outro lado, com boa interlocução com o Congresso Nacional, de forma a
manter bom contato e estabelecer um diálogo produtivo”, disse o
presidente.
Sobre o envolvimento do ministro-chefe da Casa Civil,
Eliseu Padilha, no episódio de suposto tráfico de influência de Geddel,
Temer descartou qualquer hipótese de saída dele do governo. “O que o
Padilha fez foi exatamente o que eu disse: fazer o que a lei determina e
mandar ouvir a AGU, caso não quisesse despachar. Não há razão para
qualquer medida dessa natureza.”
Edição: Luana Lourenço
Fonte: Agência Brasil
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