13/03/2017 14h29
Belo Horizonte
Léo Rodrigues – Repórter da Agência Brasil
Três patrocinadores já anunciaram rompimento dos contratos com o
Boa Esporte após o clube mineiro negociar a contratação do goleiro Bruno
Fernandes. O atleta, que deixou a prisão no mês passado, é condenado em
primeira instância pelo homicídio de Eliza Samudio, com quem teve um
relacionamento e um filho. Um habeas corpus concedido pelo ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal (STF), lhe deu o direito de aguardar o julgamento dos recursos em liberdade.
As
empresas Nutrends Nutrition, fabricante de suplemento nutricional, e
CardioCenter, clínica cardiológica, já haviam anunciado o rompimento na
semana passada. Hoje (13), foi a vez da Magsul, clínica de ressonância
magnética, seguir o mesmo caminho. O Boa Esporte conta ainda com mais
oito parcerias, incluindo a prefeitura de Varginha (MG), município onde
fica a sede do clube.
O anúncio oficial da contratação do goleiro
ainda depende dos exames médicos e de detalhes burocráticos. As bases
do contrato já foram acertadas e a diretoria da equipe mineira espera
apresentar o jogador ainda hoje ou amanhã (14).
Internet
O
descontentamento com a contratação também levou hackers a invadir a
página virtual do clube. Em mensagem postada sobre um fundo preto, os
invasores justificaram o ato como uma demonstração de repúdio ao Boa
Esporte e aos patrocinadores por apoiarem diretamente o feminicídio.
Também
foram apresentados alguns dados relacionados à violência contra a
mulher. "No Brasil, a taxa de feminicídios é de 4,8 para 100 mil
mulheres, a quinta maior no mundo segundo dados da Organização Mundial
da Saúde (OMS). Em 2015, o Mapa da Violência revelou que, de 2003 a
2013, o número de assassinatos de mulheres negras cresceu 54%, passando
de 1.864 para 2.875", registra a mensagem.
Condenação
Bruno
foi preso preventivamente em 2010, quando atuava no Flamengo e vivia
bom momento na carreira. Um inquérito policial o apontou como principal
suspeito de ter matado Eliza Samudio, que desapareceu aos 25 anos e foi
considerada morta pela Justiça. Seu corpo nunca foi encontrado.
Em
2013, o Tribunal do Júri da Comarca de Contagem (MG) condenou o goleiro
a 22 anos e três meses de prisão pelos crimes de homicídio triplamente
qualificado, sequestro e ocultação de cadáver. Um amigo de Bruno, Luiz
Henrique Romão, conhecido como Macarrão, também foi condenado.
Segundo decisão do STF do ano passado, as penas devem começar a ser cumpridas após condenação em segunda instância. No habeas corpus concedido
no mês passado, o ministro Marco Aurélio Mello destacou que Bruno tinha
condenação apenas em primeira instância e já somava seis anos e sete
meses de prisão preventiva, sem que seus recursos tivessem sido
avaliados pela Justiça. Por este motivo, ele deveria ser solto para
poder recorrer em liberdade.
De acordo com o Código do Processo
Penal, a prisão preventiva deve atender aos princípios da
proporcionalidade e necessidade, não tendo prazo de duração máxima. No
entanto, uma proposta de reforma da lei já aprovada no Senado e
tramitando na Câmara dos Deputados sugere estabelecer o limite em 360
dias.
Edição: Lílian Beraldo
Fonte: Agência Brasil
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