21/01/2017 10h52
- Atualizado em
21/01/2017 15h02
Segundo o governo, ação é temporária até muro definitivo ser construído.Presídio está com presos rebelados há 8 dias; pelo menos 26 morreram.
Segundo o governo, ação é temporária até muro definitivo ser construído.Presídio está com presos rebelados há 8 dias; pelo menos 26 morreram.
Veículo blindado da PM foi o primeiro a entrar no presídio (Foto: Fred Carvalho/G1)
Muro será erguido para separar facções rivais em Alcaçuz (Foto: Reprodução/TV Globo)
A Polícia Militar entrou na Penitenciária Estadual de Alcaçuz por volta
das 10h50 (horário de Brasília) deste sábado (21) para erguer um muro
de contêineres. O objetivo é separar presos de duas facções que estão
rebelados e se confrontando há oito dias dentro do presídio – o maior do
Rio Grande do Norte. Alcaçuz fica em Nísia Floresta, cidade da Grande
Natal.
No fim de semana passado, durante a invasão de um pavilhão, pelo menos 26 detentos foram mortos. Na quinta (19), após novo enfrentamento, muitos presos ficaram feridos. A PM confirma que há novos mortos dentro da unidade, mas não informou o número.
Por volta das 11h30, o primeiro contêiner foi transportado para dentro
da unidade, ocupada por membros do Batalhão de Choque durante a manhã.
Não houve confrontos neste sábado.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, equipes da Companhia de
Águas e Esgotos do RN (Caern) estão no local e, após a instalação dos
contêineres, vão entrar no presídio para realizar o esgotamento das
fossas à procura de corpos no presídio.
A barreira de contêineres, segundo o governo, é uma medida temporária
até que um muro definitivo seja construído dividindo os pavilhões 1, 2 e
3 (ocupados por membros do Sindicato do RN) dos pavilhões 4 e 5
(dominados pelo PCC).
Participam da ação o Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope),
Batalhão de Choque (BPChoque) e Grupo de Operações Especiais (GOE). O
helicóptero Potiguar 1, aeronave da Secretaria de Segurança Pública,
também está sobrevoando Alcaçuz. No início da operação, os policiais
chegaram a usar bomba de efeito moral para evitar qualquer reação dos
presos.
O vídeo abaixo mostra o momento em que a PM entra em Alcaçuz:Como medida paliativa, containers serão usados para separar presos de facções rivais (Foto: Fred Carvalho/G1)
Nesta sexta-feira (20), em Natal, o ministro da Defesa Raul Jungmann disse que o governo federal não vai "admitir descontrole". Militares das Forças Armadas estão na capital potiguar para garantir a segurança nas ruas.
Ainda nesta sexta, cinco presos do PCC se negaram a sair de Alcaçuz para progressão do regime fechado para o semiaberto.
Outros onze detentos foram levados de Alcaçuz para o Complexo Penal
João Chaves, onde deverão cumprir o semiaberto. Nesta situação, eles
passam o dia fora da unidade e só voltam para dormir. Um outro preso
saiu pela porta da frente de Alcaçuz em cumprimento a um alvará de
soltura.
Também na sexta, o Corpo de Bombeiros resgatou três presos que estavam feridos dentro da penitenciária.
Na noite da quarta-feira (18), na Penitenciária Estadual do Seridó, o
Pereirão, em Caicó, cidade da região Seridó do estado, presos também se
rebelaram. Durante intenso quebra-quebra e fogo dentro de um dos
pavilhões, um preso foi assassinado. Outros sete detentos ficaram feridos.
TransferênciasMais de 200 presos já foram transferidos de Alcaçuz desde o início da rebelião.
Na segunda-feira (16), cinco presos foram retirados de Alcaçuz. De
acordo com a Secretaria de Segurança Pública, entre eles estão os chefes
do PCC, facção que promoveu a matança de presos entre o sábado (14) e o
domingo (15) dentro da unidade. Os presos transferidos foram Paulo da
Silva Santos, João Francisco do Santos, José Cândido Prado, Paulo Márcio
Rodrigues de Araújo e Thiago Souza Soares.
Sem gradesInaugurada em 1998 com foco na "humanização", a penitenciária de Alcaçuz, no Rio Grande do Norte, está sem grades nas celas desde uma rebelião em março de 2015. Com isso, os presos circulam livremente e os agentes penitenciários se limitam a ficar próximos à portaria. O complexo, no município de Nísia Floresta, na Grande Natal, tem capacidade para 620 pessoas, mas abriga o dobro de presos (veja como funciona Alcaçuz).
Comboio para transferência de presos chega a Alcaçuz (Foto: Everton Dantas/NOVO)
O Rio Grande do Norte foi o terceiro estado a registrar matanças em presídios deste ano no país. Na virada do ano, 56 presos morreram no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus. Outros oito detentos foram mortos nos dias seguintes no Amazonas: 4 na Unidade Prisional Puraquequara (UPP) e 4 na Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoal. No dia 6, 33 foram mortos na Penitenciária Agrícola Monte Cristo (Pamc), em Roraima.
O governador do Rio Grande do Norte, Robinson Faria, classifica o
massacre em Alcaçuz como "retaliação" ao que ocorreu em Manaus, onde
presos supostamente filiados ao PCC foram mortos por integrantes de uma
outra facção do Norte do país.
Fonte: G1 RN
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