12/04/2017
Brasília
André Richter - Repórter da Agência Brasil
O empreiteiro Marcelo Odebrecht afirmou, em seu
depoimento de delação premiada ao juiz Sérgio Moro, que políticos
ligados ao PT tinham à disposição da empresa uma espécie de conta de
crédito na qual solicitavam recursos para bancar campanhas eleitorais.
Marcelo
disse que tratava dos repasses com o ex-ministro Antonio Palocci e que
determinadas quantias chegaram ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Os depoimentos de segunda-feira (10) estavam em sigilo, mas foram
tornados públicos na manhã de hoje (12).
Saiba Mais
O
empresário, que está preso na Superintendência da Polícia Federal em
Curitiba em função das investigações da Operação Lava Jato, prestou
depoimento no processo em que Palocci é réu pelos crimes de corrupção e
lavagem de dinheiro. Na oitiva, Marcelo Odebrecht relatou que Palocci
era responsável pelas indicações de pagamentos que deveriam ser feitos a
campanhas políticas. Segundo o empreiteiro, os recursos eram
depositados em um conta informal que o PT tinha com a empreiteira em
troca de favorecimentos.
"Eu combinei com o Palocci o seguinte
[...] a gente sabia que ia ter demandas de Lula, a questão do instituto
e para outras coisas. Então, a gente disse foi seguinte [...]. Vamos
pegar e provisionar uma parte saldo, botamos R$ 35 milhões no saldo
amigo, que é Lula. Então [...] para o uso que fosse orientação de
Lula", diz trecho do depoimento.O empreiteiro disse que os fatos ocorreram quando Lula já tinha deixado a presidência e contavam com sua influência sobre o PT. Durante o depoimento, Marcelo disse que Lula nunca pediu recursos diretamente a ele e que os repasses teriam sido combinados com Palocci.
"As duas únicas comprovações que eu
teria de que Lula, de certo modo, tinha conhecimento da provisão, foi
quando veio pedido para a compra do terreno do Instituto IL [Lula]. Eu
não consegui me lembrar se foi via Paulo Okamotto [presidente do
instituto] ou via Bumlai [José Carlos, amigo de Lula], mas com certeza
foi um dos dois, depois eu falei com os dois. Deixei bem claro que se eu
fosse comprar o terreno, sairia do valor provisionado. A gente comprou o
terreno, saiu do valor provisionado, a gente vendeu o terreno e voltou a
creditar", explicou.
A defesa de Lula afirmou que todas as 102
testemunhas ouvidas nos processos a que o ex-presidente responde não
deram qualquer declaração que pudesse envolver Lula em ato ilícito
relativo à Petrobras ou às propriedades que lhe são indevidamente
atribuídas, especialmente o apartamento do Guarujá e o sítio de Atibaia.
Os advogados de Palocci afirmaram que o ex-ministro nunca fez
solicitações de vantagens indevidas para campanhas do PT.
Edição: Lidia Neves
Fonte: Agência Brasil
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