CURIOSIDADES SOBRE JOSÉ JOAQUIM DA SILVA XAVIER TIRADENTES
Pesa, ainda hoje, sobre a figura do Alferes Joaquim José da Silva Xavier o labéu da expiação. Os séculos que nos afastaram da sentença de D. Maria I não foram suficientes para apagar o estigma que marcou a figura do precursor da nossa Independência. Engrandecido pelo martírio, exaltado pelo exemplo, Tiradentes ganhou a auréola de heroi, mas não perdeu a etiqueta de louco. E tido ainda como um mistico, aceito como um iluminado. A corôa portuguêsa não se contou em arma-lhe o cadafalso, em esquartejá-lo e fincar-lhe os destroços nos postes de Vila Rica. Prolongou-lhe a condenação, desfigurando o heroísmo. Substituiu-lhe a consciência pela cegueira, a idealidade pelo fanatismo. O que sobrou da grande estima do movimento de 1789 foi apenas um amotinado sem alma, um rebelde sem inteligência, um conspirador sem raciocinio. Confiscaram-lhe tudo, os bens e a vida. E nem sequer lhe permitiram usufruir tranquilamente essa coia que é menos dos homens que do tempo: a glória. Tiradentes vive em todas as consciências da nacionalidade que criou ou alimentou com seu sangue, mas a sua imagem não está restaurada na beleza do seu sacrifício nem na plenitude de suas convicções. A Pátria agradecida modelou-lhe a estatua, mas esqueceu de recompor-lhe a memória. Há o bronze, que eterniza, mas falta o livro, que ensina, o poema que perpetua, e a música, que transporta. Tiradentes está nos livros, nem nas almas, revestidos com a dupla couraça da energia e da inteligência, da coragem e da razão. Arrasta ainda pela história o labéu com que subiu ao cadafalso, sem que houvesse aparecido o biografo para mergulhar o sentimento nas fontes da Inconfidência e restaurar-lhe a fisionomia intelectual, tão vigorosa como a outra, aquela que ficou ensanguentada e brava nos testemunhos do processo. O dever das gerações não só cultuar o drama de seus martires. E também compreender e engrandecer-lhes as imagens. A do Alferes José da Silva Xavier é um convite à inteligência do nosso tempo.
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