28/03/2017 11h30
Brasília
Paula Laboissière – Repórter da Agência Brasil
O ex-gerente executivo da Petrobras Roberto Gonçalves foi preso
na manhã de hoje (28) em Boa Vista, durante a 39ª fase da Operação Lava
Jato. Inicialmente, a Polícia Federal havia informado que o mandado de
prisão preventiva seria cumprido no Rio de Janeiro, já que a informação
de que o investigado estava no estado de Roraima chegou de última hora. A
previsão é que ele seja levado a Curitiba até as primeiras horas de
amanhã (29).
Roberto Gonçalves sucedeu Pedro Barusco como gerente
executivo da Área de Engenharia e Serviços da Petrobras no período
entre março de 2011 e maio de 2012. No Brasil, ele já vinha sendo
investigado pela Lava Jato após depoimentos prestados por investigados
que firmaram acordos de colaboração premiada com o Ministério Público
Federal.
Batizada de Operação Paralelo, a 39ª fase foi deflagrada pela Polícia Federal
a pedido do Ministério Público Federal no Paraná. Além do mandado de
prisão preventiva, foram expedidos cinco mandados de busca e apreensão
no Rio de Janeiro. Segundo a corporação, todos já foram cumpridos. Os
alvos, nesse caso, são pessoas físicas e jurídicas ligadas à corretora
Advalor Distribuidora de Títulos e Valores Mobiliários Ltda.
De
acordo com a Procuradoria da República no Paraná, o dirigente da UTC
Engenharia Ricardo Pessoa e o operador financeiro e intermediário entre
os executivos e agentes públicos Mário Goes admitiram o pagamento de
propinas a Roberto Gonçalves. Os colaboradores comprovaram
documentalmente quatro depósitos de US$ 300 mil feitos no exterior, a
partir de conta em nome da offshore Mayana Trading, mantida por Mário Goes.
“Além
disso, apuração interna da Petrobras imputou ao ex-gerente executivo
parte das irregularidades encontradas nas licitações e contratos do
Comperj [Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro], como a contratação
direta em 2011 do Consórcio TUC, formado, dentre outros, pela Odebrecht e
pela UTC Engenharia. Paralelamente, autoridades suíças que investigam
desdobramentos do caso Lava Jato transferiram ao Brasil investigações
por crimes de lavagem de dinheiro relacionadas a Roberto Gonçalves, com
base em acordos de cooperação internacional”, informou a procuradoria,
por meio de nota.
Ainda segundo o comunicado, durante a apuração
dos fatos, foram identificadas cinco contas bancárias – uma delas
registrada em nome da offshore Fairbridge Finance SA, que tem Roberto Gonçalves como beneficiário final, recebeu, somente em 2011, cerca de US$ 3 milhões de offshores ligadas ao Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht.
Outra conta, registrada em nome da offshore
Silverhill Group Investment Inc. e que também tem Gonçalves como
beneficiário final, recebeu, no ano de 2014, mais de US$ 1 milhão
provenientes da conta da offshore Drenos Corporation, vinculada a Renato Duque.
“Esta conta do ex-diretor da Petrobras foi abastecida por valores oriundos da conta em nome da offshore
Opdale Industries, que tem por benefíciário final Guilherme Esteves de
Jesus, acusado na ação penal 5050568-73.2016.4.04.7000 de ter
intermediado propinas em contratos da Petrobras para o Estaleiro
Jurong”, acrescentou a procuradoria.
Ainda de acordo com
documentos encaminhados pela Suíça, Roberto Gonçalves transferiu, em
abril de 2014, parte do saldo da conta Fairbridge Finance S/A para
contas na China e nas Bahamas. “Essa conduta demonstra, além da
reiteração de crimes de lavagem de dinheiro, o propósito de impedir o
bloqueio dos ativos criminosos e frustrar a aplicação da lei penal.
Apesar da tentativa de esconder o patrimônio, ainda foi possível o
sequestro de mais de US$ 4 milhões de conta ligada a Roberto Gonçalves”,
concluiu a nota.
Edição: Denise Griesinger
Fonte: Agência Brasil
Nenhum comentário:
Postar um comentário